Uma mensagem do grupo paramilitar Rusich levanta o alerta: para que precisam eles de saber informações sobre as atividades militares e de fronteira na Letónia, Lituânia e Estónia?

12 dez 2022, 13:11
Soldados russos (AP Photo)

São pró-Kremlin e tornaram-se conhecidos pela sua brutalidade na Síria e na guerra de 2014 na Crimeia. E agora uma mensagem publicada no Telegram está a gerar grande preocupação

Um grupo paramilitar neonazi pró-Kremlin pediu aos seus membros que apresentassem informações sobre atividades militares e de fronteira na Letónia, Lituânia e Estónia, levantando preocupações sobre se grupos de extrema-direita russos estão a planear um ataque a países da NATO.

O canal oficial do Telegram da “Task-Force Rusich” – ligada ao Grupo Wagner e que está atualmente a combater na Ucrânia em nome do Kremlin –  publicou uma mensagem na quarta-feira passada na qual pedia aos seguidores nos países bálticos que partilhassem anonimamente informações relacionadas com as infraestruturas militares. A mensagem, visualizada por mais de 60 mil utilizadores, pedia informações relativas às unidades militares, com referências específicas a dados e profissões dos elementos, familiares e respetivos transportes pessoais. Pedia também pormenores sobre os movimentos de patrulha e a localização de postos fronteiriços, sistemas de vigilância e veículos. Da mesma forma, foram solicitados detalhes das torres de comunicação e aparelhos de segurança na fronteira, bem como as coordenadas dos depósitos de combustível e sistemas de segurança nas áreas fronteiriças.

À partida, o Kremlin não estará ligado diretamente a este pedido da Rusich, uma vez que os serviços secretos russos já terão estas informações. Desta forma, a publicação levantou dúvidas sobre quem tem o comando geral dos grupos de extrema-direita pró-Kremlin que lutam na Ucrânia, diz o jornal The Guardian.

Fontes que falaram ao jornal sob anonimato consideram que a movimentação "extraordinária" da Rusich pode apontar para o desânimo destas forças em relação ao Kremlin e a frustração com o andamento da guerra na Ucrânia. Isto eleva os receios de que o Kremlin possa perder o controlo das organizações paramilitares russas de extrema-direita, que podem usar métodos mais extremos, o que poderá conduzir a uma escalada na guerra, sobretudo se um estado da Nato for atacado.

Afinal, Putin tem ou não algum controlo sobre os grupos paramilitares de extrema-direita? - esta é a dúvida do momento.

Relatórios recentes indicam que alguns grupos paramilitares, como o Grupo Wagner, fundado pelo empresário russo Yevgeny Prigozhin e que está neste momento a liderar a ofensiva russa para capturar a cidade ucraniana de Bakhmut, já têm autonomia considerável e tanto acesso a Putin quanto alguns dos funcionários de topo do governo.

Embora as interações entre a Rusich e os canais online afiliados ao Grupo Wagner tenham sido documentadas recentemente, ainda não está claro até que ponto o grupo opera com supervisão estratégica de Wagner ou mesmo do Ministério da Defesa russo. A Rusich apresenta-se como uma força de sabotagem e reconhecimento, embora os seus frequentes esforços de crowdfunding sugiram que não é efetivamente apoiada pelas operações logísticas russas.

Os combatentes da Rusich, conhecidos pela sua brutalidade na Síria e na guerra de 2014 na Crimeia, foram detetados nas regiões ucranianas de Donbas, Kharkiv e Kherson.

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