Augusto Santos Silva responde a ameças de Putin: "Não amedrontam nem intimidam"

8 mar 2022, 15:44

Sobre um eventual corte no abastecimento de gás e petróleo russo, o Ministro dos Negócios Estrangeiros disse ainda que Portugal não vai sofrer "consequências diretas"

O ministro português dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, reagiu esta terça-feira às ameaças russas contra o Ocidente, particularmente a inclusão de Portugal na lista de países hostis.

"No que diz respeito às ameaças da Rússia e do seu presidente Putin, em diferentes áreas (militar, de segurança, económica e também de abastecimento de energia) a resposta é muito simples: essas ameaças não nos amedrontam, nem intimidam. Decidimos as nossas posições em concertação, quer no quadro das Nações Unidas, quer no quadro da União Europeia e da NATO", afirmou o governante.

Relativamente às sanções aplicadas pela Europa à Rússia, Santos Silva explicou que as punições foram aprovadas já em três momentos diferentes, constituindo três pacotes diferentes. 

"As sanções são aquelas que aprovámos, designadamente no quadro da União Europeia. A UE tem sido a primeira a responder no plano político e económico à invasão militar da Rússia à Ucrânia", disse, adiantando que são castigos de natureza política e económicas, especificamente dirigidas a um conjunto de pessoas russas associadas à decisão do reconhecimento da independência das duas regiões ucranianas e depois associadas à decisão de declaração de guerra.

"Essas sanções congelam os ativos financeiros dessas pessoas e limitam a liberdade de movimentos no espaço europeu", esclareceu Santos Silva, dizendo que Portugal não tem um regime próprio de punições, mas sim que cumpre o regime das Nações Unidas ou da União Europeia. "Há todos os dias novas ideias, mas são ideias que precisam de ser analisadas", rematou.

Questionado sobre um eventual corte de abastecimento de gás e de petróleo russo na Europa, o ministro português foi perentório ao dizer que Portugal "não tem consequências diretas", mas lembrou que há membros da UE ainda muito dependentes da Rússia e que é necessário diminuir essa "dependência".

"O que posso dizer aos portugueses é a verdade dos factos: primeiro, fomos fazendo o nosso trabalho no sentido de tornar Portugal cada vez menos dependente de energia fóssil. Isso significa que, neste momento, da eletricidade consumida em Portugal, 60% já decorre de fontes renováveis de energia produzidas em Portugal: da energia hídrica, da energia eólica e da energia solar. Como não somos produtores nem de gás, nem de petróleo, importamos de um conjunto diversificado de países situados quer nas Américas, quer em África e na Europa e, graças a isso, a nossa exposição atual ao gás e petróleo russo é muito baixa", explicou. 

O ministro foi questionado sobre este conflito no final do encontro com o ministro das Relações exteriores do Brasil, Carlos Alberto Franco que esteve os últimos dois dias em visita oficial a Portugal.

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