Secretas britânicas detetaram pelo menos três carregamentos diferentes, numa altura em que se suspeita que a Rússia esteja a utilizara armas norte-coreanas na Ucrânia
Primeiro informações da utilização de mísseis balísticos. Antes e depois disso encontros ao mais alto nível entre responsáveis russos e norte-coreanos. Agora, imagens comprovam que a Rússia está mesmo a trazer material da Coreia do Norte.
Imagens recolhidas pelas secretas do Reino Unido mostram três navios russos a carregarem material num dos mais importantes portos da Coreia do Norte. Entre setembro e dezembro os navios Maia, Angara e Maria receberam vários contentores em Najin, de acordo com a informação britânica que agora é avançada pelo The Guardian.
São imagens de satélite em que é possível verificar carregamentos de material, ainda que não seja possível garantir que entre esse material estão armas, seja os tais mísseis balísticos que os Estados Unidos acreditam que podem estar a ser utilizados na Ucrânia, seja munições para outras armas russas, utilizadas para o mesmo propósito.
Estas imagens foram partilhadas pelas secretas britânicas com um painel de especialistas da Organização das Nações Unidas (ONU), numa altura em que existe uma investigação a decorrer para saber se houve violação das sanções internacionais que estão em vigor. Recorde-se que o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, John Kirby, já tinha dito que as informações norte-americanas apontavam para a utilização de "mísseis balísticos" norte-coreanos por parte da Rússia.
“A utilização de armas norte-coreanas pela Rússia é uma violação múltipla das resoluções do Conselho de Segurança da ONU”, afirmou um diplomata das Nações Unidas em declarações ao The Guardian. Este mesmo responsável entende que a possível troca de armamento entre os dois países “mina os esforços internacionais para prevenir a propagação de armas nucleares”, além de “expor o quanto a Rússia está desesperada na sua invasão falhada”.
A recolha das imagens acontece precisamente no mesmo período em que o presidente da Rússia se encontrou com o líder da Coreia do Norte, em setembro, tendo depois recebido o ministro nortea-coreano dos Negócios Estrangeiros em Moscovo, numa rara viagem ao exterior de um representante do país liderado por Kim Jong-un.
É que, entre outras provas, os três navios utilizados pela Rússia nestes carregamentos estão sob sanções do governo dos Estados Unidos desde 2022 por ligações à Oboronlogistika OOO, uma empresa de transportes ligada ao Ministério da Defesa da Rússia, e que os norte-americanos acreditam estar “envolvida na anexação e ocupação da Crimeia desde 2014”, bem como no transporte de armas e equipamento militar através da via marítima.