“Foi perfeitamente insuficiente”: a reação do Governo português após reunião com embaixador russo sobre morte de Navalny

Agência Lusa , NM
21 fev, 17:39
João Gomes Cravinho (AP Photo)

Ministro Gomes Cravinho garante que explicações não esclareceram e não convenceram o Estado português

O embaixador russo em Portugal foi esta quarta-feira ouvido e as suas respostas em relação à morte de Alexei Navalny não esclareceram e não convenceram o Estado português, disse o ministro dos Negócios Estrangeiros.

"Já teve lugar esta manhã e o embaixador não foi capaz de nos fornecer os esclarecimentos que havíamos pedido", afirmou João Gomes Cravinho, à margem do primeiro dia de reunião dos chefes de Estado do G20, na cidade brasileira do Rio de Janeiro.

"Infelizmente a resposta do lado russo foi uma resposta perfeitamente insuficiente", frisou.

Na terça-feira, o Ministério dos Negócios Estrangeiros português convocou o embaixador russo em Lisboa, Mikhail Kamynin, para prestar esclarecimentos, após a morte do opositor russo Alexei Navalny, uma decisão também tomada por outras capitais europeias, como Paris, Madrid, Berlim, Estocolmo, Varsóvia, Bruxelas, Haia e Oslo.

João Gomes Cravinho foi mais longe e afirmou que “a resposta foi nula” e que o embaixador russo “considera que a grande preocupação internacional não passa de ingerência em assuntos internos”.

“Como se a morte do principal opositor de Putin fosse um assunto de importância menor”, afirmou.

Questionado sobre a omissão por parte da diplomacia brasileira em relação à morte de Navalny e das declarações do Presidente brasileiro, Lula da Silva, de que é necessário “primeiro fazer uma investigação para saber do que o cidadão morreu", João Gomes Cravinho disse que a função do Estado português “não é ser comentador daquilo que é dito por um ou por outro”.

Alexei Navalny, um dos principais opositores do Presidente russo, Vladimir Putin, morreu a 16 de fevereiro, aos 47 anos, numa prisão do Ártico, onde cumpria uma pena de 19 anos.

Os serviços penitenciários da Rússia indicaram que Navalny se sentiu mal depois de uma caminhada e perdeu a consciência.

O Brasil, que assumiu a presidência do G20 em 01 de dezembro de 2023, é anfitrião de uma cimeira de dois dias que a partir desta quarta-feira alberga no mesmo espaço os máximos responsáveis diplomáticos das 20 maiores economias do mundo, como o Secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, o chefe da diplomacia russo, Sergei Lavrov, o Alto Representante da União Europeia para os Negócios Estrangeiros e vice-presidente da Comissão Europeia, Josep Borrell, responsáveis da União Africana, autoridades dos países convidados da presidência brasileira, como o ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal, João Gomes Cravinho, e representantes de 12 organizações internacionais.

Esta quarta-feira, no Rio de Janeiro, está reservado para as discussões sobre a atual situação mundial, incluindo as guerras na Ucrânia e em Gaza.

Com a presença de Sergei Lavrov e de Josep Borrell, o tema da invasão da Ucrânia por parte da Rússia ganha uma forte dimensão no encontro.

Lula da Silva recebeu esta quarta-feira Antony Blinken no Palácio do Planalto em Brasília, estando também previsto para entre quarta e quinta-feira uma reunião com Sergei Lavrov.

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