Biden responsabiliza Putin pela morte de Navalny (mas também tem dois recados para os Estados Unidos)

16 fev, 18:05

Primeiro o alvo foi o Kremlin, mas as palavras mais duras foram para a Câmara dos Representantes e para Donald Trump

“Revoltado, mas não surpreendido”. É esta a primeira reação do presidente dos Estados Unidos à morte de Alexei Navalny, principal opositor do presidente da Rússia, cuja morte foi anunciada esta sexta-feira.

Numa conferência de imprensa a partir da Casa Branca, e já depois de vários líderes mundiais terem vindo falar, Joe Biden elogiou a “bravura” de Navalny na luta contra aquilo que diz ser a corrupção e violência da administração Putin.

Biden lembrou mesmo que o ativista podia ter escolhido uma vida “segura”, mas que decidiu voltar para a Rússia, onde sabia que acabaria detido, como foi, assim que os seus pés pisaram em solo russo.

“Não se enganem, Putin é responsável pela morte de Navalny”, disse o presidente norte-americano, falando numa “nova prova da brutalidade de Putin”.

“Esta tragédia lembra-nos o que está em jogo de momento. Temos de dar os fundos à Ucrânia para que se possa continuar a defender”, acrescentou, aproveitando a ocasião para pressionar o Congresso, onde um pacote de apoio a Kiev no valor de mais de 50 mil milhões de euros está num impasse há várias semanas.

Se este parecia um recado subliminar, Biden fez questão de o concretizar: “A História está a ver a Câmara dos Representantes”. É lá que o pacote está “preso”, depois de já ter sido aprovado pelo Senado.

Mas a morte de Navalny serviu para mais recados, até para apontar às presidenciais de novembro e para o mais que provável confronto com Donald Trump. “Putin e todo o mundo devem sabê-lo: se qualquer adversário nos atacar, os nossos aliados da NATO vão apoiar-nos. E se Putin atacar um aliado da NATO, os Estados Unidos vão defender cada metro do território da NATO”, afirmou.

Palavras duras e contundentes depois de Trump ter sugerido que até “encorajaria” um ataque de Putin a um aliado da NATO que não esteja a corresponder com o valor previsto para a Aliança Atlântica – 2% do orçamento de Defesa.

Voltando para a Rússia, e questionado sobre as possíveis consequências da morte de Navalny para Putin, Biden recusou voltar a termos de 2021, quando falou em consequências devastadoras para a Rússia se o ativista morresse.

“Isso foi há três anos. Entretanto enfrentaram uma série de consequências”, sublinhou, referindo-se às largas sanções aplicadas pelo Ocidente, mas também às pesadas baixas militares na Ucrânia.

Navaly, 47 anos, estava numa prisão no Ártico, para cumprir uma pena de 19 anos de prisão sob “regime especial” e, segundo aqueles serviços, sentiu-se mal depois de uma caminhada e perdeu a consciência.

Até ao momento, a equipa de Navalny não confirmou esta informação, mas destacados dirigentes ocidentais e os apoiantes do opositor responsabilizam o presidente russo, Vladimir Putin, pela sua morte.

E.U.A.

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