Enxames de drones com Inteligência Artificial podem ser o próximo pesadelo da Rússia

17 fev, 19:13
Destruição em Avdiivka (AP)

Ocidente está a desenvolver uma nova tecnologia que espera ter pronta dentro de meses. São drones que atacam sozinhos e comunicam entre si

Drones baseados em Inteligência Artificial. Esta pode ser a próxima grande esperança da Ucrânia, com o Ocidente a estudar a possibilidade de enviar armas deste género para ajudar Kiev a suster os avanços russos, numa altura em que é cada vez mais difícil ao exército ucraniano aguentar a pressão russa na linha da frente – ainda este sábado foi confirmada a perda de Avdiivka.

Escreve a Bloomberg que o Reino Unido, os Estados Unidos e outros países do Ocidente estão a trabalhar em conjunto para enviar este tipo de drones. Acreditam os responsáveis ocidentais que esta nova arma pode servir para alvejar vários pontos da defesa russa em simultâneo.

Os militares que desenvolveram esta tecnologia garantem à Bloomberg que os drones podem permitir à Ucrânia surpreender a Rússia em várias posições, sendo que as armas podem ser enviadas para Kiev dentro de meses.

“Em combinação com a Inteligência Artificial [os drones podem ser] mais bem-sucedidos contra os russos do que a artilharia”, afirmou o presidente da Comissão Militar da NATO, o almirante Rob Bauer, em declarações citadas pela Bloomberg.

O objetivo é que estas máquinas de guerra possam ser destacados em largas frotas, como que em enxames de drones, comunicando depois umas com as outras para atingirem diferentes alvos inimigos sem que para isso tenham de ser controlados por um operador humano.

“Os países olham para a aglomeração, olham para a Inteligência Artificial para melhorar drones relativamente simples e câmaras relativamente simples ou sistemas de vídeo para ficarem mais conectados com o software”, acrescentou Rob Bauer, falando numa “corrida sem fim” com a Rússia pelo desenvolvimento de novas tecnologias militares.

Foi assim que ficou uma central petrolífera russa após um ataque com drones ucranianos (AP)

Com a maior escassez de armas, nomeadamente desde que existe um impasse com a ajuda norte-americana, ainda bloqueada no Congresso, os drones tornaram-se completamente vitais para a sobrevivência ucraniana – funcionam em terra mas também no mar, como já se viu no Mar Negro.

De resto, se há guerra que mostrou a importância destas armas é a da Ucrânia, o que fez várias empresas acelerarem a produção de drones militares, naquilo que se define como uma corrida global pela aquisição de drones com capacidades ofensivas.

Com efeito, se a Rússia está a desenvolver os seus próprios drones, o Ocidente prometeu à Ucrânia enviar um milhão de veículos não tripulados no próximo ano.

Perante este cenário, várias empresas da indústria da Defesa reuniram-se em janeiro com o governo norte-americano para perceber que tipo de tecnologias podiam ser desenvolvidas e quais delas podiam estar disponíveis mais rápido para ajudar a Ucrânia.

É que, além de eficazes, os drones também são mais baratos. O chanceler da Alemanha pressionou a partir da Conferência de Segurança de Munique, para que os aliados europeus aumentem a ajuda à Ucrânia, mas sabe que, mesmo que isso venha a acontecer, nunca terá um efeito imediato.

Até lá os drones podem ser a solução. Não substituem a capacidade de munições de artilharia, é certo, mas podem ajudar a mitigar a ausência dessas armas, criando uma dinâmica de batalha que ajude a Ucrânia a resistir mais tempo.

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