Até há atores a quem os recrutas fazem "trabalho de trauma": como os britânicos estão a treinar soldados ucranianos

17 out 2022, 12:02
Voluntários recebem treino para se juntarem às forças da Ucrânia (Foto: Metin Aktas/Anadolu via Getty Images)

"O exército ucraniano é muito mais pequeno do que o dos russos, portanto a qualidade do treino em capacidade de liderança e táticas tinha de compensar pela quantidade"

O Reino Unido iniciou em junho um programa de treino para recrutas ucranianos em solo britânico. O objetivo é, nesta altura, formar cerca de 19.000 ucranianos para combaterem nas linhas da frente contra a Rússia e, até agora, 5.700 recrutas já completaram o programa. Uma jornalista do New York Times assistiu a estes treinos, que se realizam em campo aberto na Inglaterra rural: os ucranianos aprendem sobre armamento complexo, nomeadamente sobre armas britânicas antitanque e mísseis norte-americanos Javelin.

A maioria dos recrutas tem pouco mais de 20 anos e não tem qualquer experiência militar anterior. Os exercícios são conduzidos no campo, ao ar livre, e incluem trincheiras e disparos de munições reais. Foram concebidos, indica o New York Times, para replicarem o que acontece nas linhas da frente no leste da Ucrânia, onde as tropas ucranianas procuram recuperar terreno ocupado pelos russos. Um dos exercícios recorre mesmo a atores contratados, para que os recrutas possam fazer "trabalho de trauma" em caso de ferimentos. 

A jornalista norte-americana que assistiu aos treinos conta ainda que, no local, encontrou uma colega ucraniana que se deslocou de Kiev para fazer uma reportagem sobre o programa para os recrutas. "É importante que os nossos espectadores vejam como as nossas tropas estão a ser apoiadas", disse Natalia Yarmola. 

O treino fornecido aos ucranianos antes da guerra foi, segundo peritos citados pelo New York Times, crucial para o desempenho das tropas de Kiev durante o conflito. "O exército ucraniano é muito mais pequeno do que o dos russos, portanto a qualidade do treino em capacidade de liderança e táticas tinha de compensar pela quantidade", disse Jamie Shea, antigo porta-voz da NATO, ao New York Times no passado mês de agosto. "Para ser capaz de lançar uma contraofensiva decisiva, a Ucrânia vai precisar de muitas tropas bem treinadas e formações. E é por isso que o que está a acontecer no Reino Unido agora é um elemento essencial para a Ucrânia eventualmente vencer esta guerra", disse também Frederick B. Hodges, antigo comandante do exército norte-americano na Europa. 

Bruxelas já anunciou, entretanto, que planeia começar uma iniciativa semelhante de treino para recrutas, fornecendo formação intensiva a militares ucranianos em território da UE.

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