A rota, o tempo e o cessar-fogo. Tudo o que se sabe sobre os corredores humanitários de Mariupol e Volnovakha

Cláudia Évora , Notícia atualizada às 13:03
5 mar 2022, 10:47
Guerra na Ucrânia (Getty Images)

O governo ucraniano quer retirar cerca de 215 mil pessoas pelos corredores humanitários de Mariupol e Volnovakha

Foram abertos, esta manhã, corredores humanitários em duas cidades ucranianas: Mariupol e Volnovakha. Os civis que quisessem fugir da guerra através destes caminhos tinham apenas cinco horas para o fazer, entre as 09:00 e as 14:00 horas locais, (07:00-12:00, horas de Lisboa).

O governo ucraniano revelou à agência Reuters que o objetivo era retirar cerca de 200 mil pessoas de Mariupol - uma cidade com cerca de 450 mil habitantes, que está cercada pelas forças russas, mas que continua a resistir apesar da escassez de energia, comida e água potável - e retirar outras 15 mil de Volnovakha.

No entanto, a Câmara Municipal de Mariupol alertou que as forças russas não estavam a cumprir com o cessar-fogo acordado em toda a rota do corredor humanitário. "Estamos a negociar com o lado russo para garantir que o cessar-fogo se mantém ao longo de todo o corredor".

Evacuação de Mariupol adiada

Mas ao final de pouco tempo, a passagem por esse corredor humanitário tinha sido adiada. A informação foi avançada em primeira-mão à BBC pelo vice-presidente da câmara, tendo sido depois confirmada pelas autoridades locais em comunicado. À BBC, Serhiy Orlov disse que o trajeto "não era seguro" e pediu aos habitantes de Mariupol que se dispersassem e encontrassem locais para se abrigarem. 

Por outro lado, a Rússia acusou os "nacionalistas" ucranianos de criar constrangimentos nos corredores humanitários, impedindo os civis de sair, avançou a RIA, que citava o ministro da Defesa.

Este corredor humanitário passa pelas seguintes cidades: Mariupol - Nikolske - Rozivka - Polohy - Orikhiv - Zaporizhzhia.

O controlo de Mariupol é estratégico para a Rússia, uma vez que permitiria garantir uma continuidade territorial entre as forças vindas da Crimeia e as que chegam dos territórios separatistas pró-russos da região de Donbass.

"Levem pessoas convosco, encham os carros ao máximo"

Antes de ter sido anunciada a suspensão da evacuação de Mariupol, o chefe da região de Donetsk, Pavlo Kirilenko, tinha alertado os cidadãos que podiam sair nos seus carros pessoais e pediu a todos que "facilitassem a evacuação" destas cidades. 

"Levem pessoas convosco, encham os carros ao máximo. É estritamente proibido fazer-se desvios da rota do corredor humanitário. Vai haver várias etapas de evacuação ao longo de vários dias, para que todos aqueles que queiram sair tenham oportunidade de o fazer". 

"Peço a todos que confiem apenas nas informações oficiais publicadas em páginas oficiais. Isto é uma questão de segurança humana!", acrescentou. 

O assessor do ministro do Interior garantiu, este sábado, que vão surgir novos acordos com a Rússia quanto à criação de mais corredores humanitários para que os civis possam fugir. "Vai haver, definitivamente, mais acordos como este para todos os outros territórios", afirmou.

Número de refugiados pode subir de 1,3 para 1,5 milhões até domingo

O Alto-comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) disse que apesar dos corredores humanitários, "a situação da Ucrânia continua terrível com ataques militares em várias zonas". 

De acordo com a mesma fonte, existem atualmente cerca de 1,3 milhões de refugiados ucranianos, mas o número pode subir para 1,5 milhões até domingo.

A Rússia lançou, na madrugada de 24 de fevereiro, uma ofensiva militar à Ucrânia e as autoridades de Kiev contabilizaram, até ao momento, mais de 2.000 civis mortos, incluindo crianças. Segundo a ONU, os ataques já provocaram mais de 1,2 milhões de refugiados.

A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas para isolar ainda mais Moscovo.

Relacionados

Europa

Mais Europa

Mais Lidas

Patrocinados