Rússia estará pronta para enviar até 1.000 mercenários para a Ucrânia - e pode "bombardear cidades até à submissão", alerta inteligência do Ocidente

5 mar 2022, 07:00
Guerra na Ucrânia. Edifícios atingidos em Kharkiv. Foto: Sergey Bobok/AFP via Getty Images

Kiev acordou este sábado ao som das sirenes anti-míssil e com a informação de que a Rússia pode estar a mudar a estratégia militar. É o décimo dia de guerra

Numa altura em que a guerra na Ucrânia se arrasta pela segunda semana, os serviços de informação do Ocidente alertam que a estratégia russa pode agora passar por "bombardear cidades até à submissão", aumentando o número de vítimas civis. "É uma abordagem dura", disse um alto funcionário da inteligência ocidental à CNN Internacional.

"As armas mais pesadas não são só mais pesadas em termos de peso, mas também em termos dos danos que podem infligir. São muito menos discriminatórias, o que causa mais vítimas", acrescentou. A fonte disse ainda que, de acordo com a experiência que tem a lidar com as lideranças russas e Vladimir Putin, julga que "têm standards diferentes quando se fala de respeito pela vida humana".

O resumo desta madrugada:

Estados Unidos dizem que a Rússia vai enviar mais 1.000 mercenários para a Ucrânia: A Rússia está pronta para enviar até 1.000 mercenários para a Ucrânia nos próximos dias e semanas, avançou a CNN Internacional, citando fonte do governo norte-americano. Um alto oficial da defesa norte-americana já tinha avançado, no início desta semana, que os Estados Unidos viram "algumas indicações" de que os mercenários russos podem estar envolvidos na invasão da Ucrânia por Moscovo "em alguns lugares", mas não tinha sido claro sobre onde nem quantos.

Nova acusação de crime de guerra: As forças armadas da Ucrânia acusaram a Rússia de usar uma bomba de fragmentação em Pokrovsk, localidade da região de Donetsk mas ainda controlada pela Ucrânia. À CNN Portugal, o diretor executivo da Amnistia Internacional Portugal explicou em que consistem estas bombas e qual o enquadramento legal das mesmas. Nas investidas da Rússia, diz Pedro Neto, “estão a ser usadas bombas de fragmentação, que são bombas que têm outras bombas dentro e que, ao explodirem todas, vão espalhar-se e fragmentar-se e fazer mais explosões”. As bombas de fragmentação estão proibidas por uma resolução das Nações Unidas aprovada em 2008.

"Este tipo de bombas de fragmentação tem um tratado próprio com 11 anos e que dava um limite de tempo, de dez anos, para os exércitos deixarem de as usar, mas já passaram 11 anos e não há qualquer desculpa ou justificação para continuarem a ser usadas", sublinha Pedro Neto.

Porto de Mariupol sob bloqueio há cinco dias: O porto estratégico de Mariupol, no leste da Ucrânia, está "sob bloqueio" e "ataques impiedosos" do exército russo, disse o presidente da câmara, no décimo dia da invasão russa. "A nossa prioridade é conseguir um cessar-fogo para que possamos restabelecer as infraestruturas vitais e criar um corredor humanitário para fazer chegar alimentos e medicamentos à cidade", acrescentou Vadim Boitchenko na plataforma Telegram. O controlo de Mariupol, cidade com cerca de 450 mil habitantes junto ao mar de Azov, é estratégico para a Rússia, uma vez que permitiria garantir uma continuidade territorial entre as forças vindas da Crimeia e as que chegam dos territórios separatistas pró-russos da região de Donbass.

Zelensky acusa a NATO de "recusar deliberadamente fechar o espaço aéreo sobre a Ucrânia": O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, criticou a NATO por se recusar a impor uma zona de exclusão aérea sobre a Ucrânia, dizendo que quem morrer agora “morrerá pela fraqueza e falta de unidade” da Aliança Atlântica. “A Aliança [Atlântica] deu luz verde ao bombardeamento de cidades e vilas ucranianas ao se recusar a criar uma zona de exclusão aérea”, acusou Volodymyr Zelensky num discurso emitido hoje durante a noite nas plataformas digitais do Governo da Ucrânia.

Boris Johnson ligou a Bolsonaro para discutir a guerra na Ucrânia: Segundo noticia a CNN Brasil, o líder britânico recordou a Bolsonaro que o Brasil foi um aliado "vital" durante a II Guerra Mundial e que a voz do presidente brasileiro era "crucial" neste momento de crise.  De acordo com um porta-voz do gabinete de Johnson, os dois líderes “concordaram em pedir um urgente cessar-fogo e que a paz deve prevalecer”. Ainda segundo o porta-voz britânico, Boris Johnson reforçou a Bolsonaro que as ações das forças russas na Ucrânia são "repugnantes".

Balanço de vítimas: a guerra já matou pelo menos 331 civis, estimam as Nações Unidas, embora os valores reais possam ser muito mais elevados. Mais de 1.2 milhões de refugiados fugiram da Ucrânia desde que começou a invasão a 24 de fevereiro, a maioria passou pela fronteira com a Polónia.

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