Ucrânia começou a exumar corpos em Bucha, cidade que foi visitada por von der Leyen e Borrell

8 abr 2022, 15:54
Ursula von der Leyen olha para sacos com cadáveres em Bucha (Efrem Lukatsky/AP)

Altos representantes europeus testemunharam o horror numa cidade onde poderão ter morrido quase 400 pessoas, muitas delas civis

Os investigadores forenses começaram esta sexta-feira a exumar corpos das valas comuns de Bucha, onde dezenas de corpos foram enterrados pelas tropas russas, que deixaram a cidade há uma semana, depois de um recuo na zona de Kiev. O início dos trabalhos coincide com a visita da presidente da Comissão Europeia e do alto representante da União Europeia para os Negócios Estrangeiros e Segurança Interna, que estiveram no local a prestar homenagem.

À margem da visita de Ursula von der Leyen e Josep Borrell, 20 corpos já tinham sido retirados de uma sepultura onde foram colocados em sacos de plástico negros. De acordo com o procurador de Bucha, 18 das pessoas retiradas apresentavam vestígios de balas ou de estilhaços.

“Há testemunhas que podem confirmar que estas pessoas foram mortas pelas forças russas. Sem qualquer razão, estavam apenas a passar na rua ou a sair da cidade”, referiu Ruslan Kravchenko, que adiantou ainda que duas mulheres já tinham sido identificadas, uma das quais trabalhava num supermercado no centro.

O responsável afirma que os investigadores vão tentar construir um cenário do que se passou ao certo, com o objetivo de descobrir como aquelas pessoas acabaram nas valas comuns.

De acordo com a agência Reuters, que acompanhou os trabalhos no local, especialistas vestidas de branco iam percorrendo o local, à medida que a chuva caía por dezenas de sacos com corpos no interior.

Trabalhadores descarregam corpos no cemitério de Bucha (Rodrigo Abd/AP)

Desde que as tropas russas saíram de Bucha foram encontrados centenas de corpos de cidadãos ucranianos. O vice-presidente da autarquia revelou mesmo que entre 260 e 280 corpos foram descobertos nas valas, mas o número de mortos deve ascender aos 360.

Estas são informações do lado ucraniano, que ainda não foram confirmadas pelas agências ou meios de comunicação internacional.

Do outro lado, uma versão diferente: o Kremlin afirma que as alegações ucranianas não passam de uma “encenação monstruosa” com a intenção de denegrir a imagem do exército russo.

A violência das imagens fez com que o Ocidente voltasse a acelerar as críticas à Rússia. Por meio de palavras, mas também de sanções: esta sexta-feira foi aprovado um quinto pacote de sanções contra o país e os seus cidadãos, num total que ascende a mais de mil pessoas e entidades.

A situação em Bucha foi o espoletar para a decisão.

Pouco depois da retirada russa a CNN Portugal (do mesmo grupo da TVI) enviou uma equipa para o local, onde foi possível testemunhar a destruição.

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