O Hamas "não é uma organização terrorista", diz Erdogan, mas sim "um grupo de libertação que luta para proteger a sua terra"

Pedro Falardo , artigo atualizado às 11:06
25 out 2023, 10:55
Presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan (AP Photo)

Presidente da Turquia afirma que Israel "está a levar a cabo um dos ataques mais brutais da história contra os oprimidos de Gaza"

O presidente turco afirmou esta quarta-feira, perante os deputados do seu partido (AKP) no parlamento do país, que o Hamas "não é uma organização terrorista", mas sim "um grupo de libertação que luta para proteger a sua terra".

Citado pela CNN Turk, Recep Tayyip Erdogan disse não ter problemas com o Estado de Israel, mas sim com as suas políticas dirigidas aos palestinianos. Ainda assim, o líder turco afirma que a Turquia "não deve nada a Israel".

"[Israel] está a levar a cabo um dos ataques mais brutais da história contra os oprimidos de Gaza. Metade dos mortos são crianças e a outra metade são as suas mães e os mais idosos. Basta isto para mostrar que se trata de uma selvajaria", considerou Erdogan, que afirmou que apoiar os ataques de Israel contra os palestinianos é uma "doença mental".

O presidente turco anunciou ainda que, ao contrário do previsto, não fará uma visita a Israel.

"Israel está a matar crianças. Nunca poderemos permitir que essas crianças sejam mortas. Disse isto ao primeiro-ministro deles [Benjamin Netanyahu] uma vez, em Davos, e disse-lhe que sabe matar muito bem. (...) Apertei a mão de Netanyahu uma vez na vida, na Casa da Turquia, nos Estados Unidos. Ele abusou da nossa boa vontade. Tínhamos programada uma viagem a Israel, mas foi cancelada. Eles abusaram da nossa boa vontade".

Erdogan elogiou também os esforços do seu país para conter a crise.

“Olhamos para a questão palestiniana principalmente de uma perspetiva humana. Desde o dia 7 de outubro que temos feito todos os esforços para evitar que a crise se agrave. Enviámos oito aviões carregados de ajuda humanitária para satisfazer as necessidades da população de Gaza. Enviámos 25 dos nossos profissionais de saúde para o Egito, para o tratamento dos feridos. Manifestámos que não desculpamos os ataques que visam civis, incluindo civis israelitas”, disse o chefe de Estado.

“Continuaremos a tomar posição contra as campanhas sujas. Não trocaremos esta posição honrosa por interesses quotidianos. A nossa abordagem de princípio na questão da Palestina é o exemplo mais concreto”, concluiu.

O Hamas fez um ataque sem precedentes em Israel em 7 de outubro, que as autoridades israelitas disseram ter causado mais de 1.400 mortos. O grupo palestiniano também raptou duas centenas de israelitas e estrangeiros que mantém como reféns em Gaza.

Em retaliação, Israel declarou guerra ao Hamas e cercou a Faixa de Gaza, um pequeno território com 2,3 milhões de habitantes controlado pelo grupo islamita desde 2007. O exército israelita tem bombardeado Gaza desde então, com um balanço de mais de 5.800 mortos, segundo o Hamas.

Israel, Estados Unidos e União Europeia qualificam o Hamas como uma organização terrorista.

Ásia

Mais Ásia

Patrocinados