Família de luso-israelita refém do Hamas escreve carta ao Governo português: "Não poupe esforços para assegurar a libertação"

3 dez 2023, 19:44
Idan

Idan, de 28 anos, estava a trabalhar como fotógrafo voluntário no festival Supernova, quando militantes do Hamas o raptaram enquanto tentava fugir. Família recebeu "indicação clara" de que o neto de residentes em Portugal foi ferido antes de ser levado para Gaza

A família de Idan Shtivi, o luso-israelita raptado pelo Hamas durante o ataque ao festival de música Supernova, escreveu ao Ministério dos Negócios Estrangeiros português a apelar ao Governo português para que “não poupe esforços para assegurar a libertação” do refém. 

Idan, de 28 anos, estava a trabalhar como fotógrafo voluntário no dia em que combatentes do Hamas invadiram o festival Supernova, que se realizava na região de Re'im, e mataram mais de 240 pessoas. O jovem, neto de residentes em Portugal, fugiu num carro que foi encontrado destruído no deserto.

Agora, segundo a carta a que a CNN Portugal teve acesso, a família diz que recebeu “uma indicação clara, com base em tecido sanguíneo encontrado no local do massacre, de que Idan foi ferido quando foi levado para Gaza como refém”.

O irmão de Idan, Omri, disse ainda que a família irá a Portugal na próxima semana para se reunir com o ministro João Gomes Cravinho, com António Saraiva da Cruz Vermelha e com membros da Assembleia da República. “Gostaríamos de lhe pedir que não poupe esforços para assegurar a libertação de Idan, enquanto cidadão português, e uma vez que ajudou com sucesso outros cidadãos portugueses a sair de Gaza”, acrescenta a carta.

Pedem ainda para ser recebidos pelo Presidente da República.

Um soldado israelita patrulha perto do festival de música Supernova, no sul de Israel, onde foram encontrados mais de 260 corpos após o ataque terrorista do Hamas. Aris Messinis/AFP/Getty Images

Omri, que deu uma entrevista à CNN Portugal em outubro, contou que Idan conduziu cerca de quatro quilómetros com dois amigos antes de ter sido intercetado por combatentes do Hamas que começaram a disparar contra o grupo. Cerca de quatro dias depois, disse, foi informado de que os amigos que viajavam com ele foram encontrados mortos. 

A carta, que foi enviada no dia 29 de novembro ao MNE e é assinada pela mãe do refém, sublinha que, “enquanto aguardamos ansiosamente a libertação de Gaza do nosso querido filho Idan Shtivi”, “gostaríamos de manifestar a esperança de que levante a questão da libertação de Idan junto dos seus interlocutores como uma questão claramente humanitária”.

A mãe de Idan escreve ainda que as “boas relações de Portugal com todos os países da região e o seu interesse pessoal por esta questão puramente humanitária terão certamente um impacto real” e ajudarão a “trazer de volta o [nosso] filho”. 

“Estamos prontos para fazer tudo o que estiver ao nosso alcance para trazer o nosso Idan ferido de volta a casa e estamos à vossa disposição para qualquer ação necessária da nossa parte”, conclui.

A carta foi enviada após o ministro dos Negócios Estrangeiros se ter encontrado com a família luso-israelita em Israel, a 24 de novembro, durante um périplo de dois dias pelo Médio Oriente

Nos últimos dias, têm sido várias as notícias que dão conta da libertação de israelitas com ligações a Portugal que estavam reféns do Hamas desde o ataque em larga escala que ocorreu no dia 7 de outubro.

Alma, Noam e Liam Or, de 13, 17 e 18 anos - o último com pedido de nacionalidade ainda em curso - foram alguns dos últimos luso-israelitas a serem libertados pelo Hamas, que terá assegurado recentemente às autoridades egípcias que não iria causar qualquer tipo de dano a cidadãos com dupla nacionalidade.

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