Idan, de 28 anos, estava a trabalhar como fotógrafo voluntário no festival Supernova, quando militantes do Hamas o raptaram enquanto tentava fugir. Família recebeu "indicação clara" de que o neto de residentes em Portugal foi ferido antes de ser levado para Gaza
A família de Idan Shtivi, o luso-israelita raptado pelo Hamas durante o ataque ao festival de música Supernova, escreveu ao Ministério dos Negócios Estrangeiros português a apelar ao Governo português para que “não poupe esforços para assegurar a libertação” do refém.
Idan, de 28 anos, estava a trabalhar como fotógrafo voluntário no dia em que combatentes do Hamas invadiram o festival Supernova, que se realizava na região de Re'im, e mataram mais de 240 pessoas. O jovem, neto de residentes em Portugal, fugiu num carro que foi encontrado destruído no deserto.
Agora, segundo a carta a que a CNN Portugal teve acesso, a família diz que recebeu “uma indicação clara, com base em tecido sanguíneo encontrado no local do massacre, de que Idan foi ferido quando foi levado para Gaza como refém”.
O irmão de Idan, Omri, disse ainda que a família irá a Portugal na próxima semana para se reunir com o ministro João Gomes Cravinho, com António Saraiva da Cruz Vermelha e com membros da Assembleia da República. “Gostaríamos de lhe pedir que não poupe esforços para assegurar a libertação de Idan, enquanto cidadão português, e uma vez que ajudou com sucesso outros cidadãos portugueses a sair de Gaza”, acrescenta a carta.
Pedem ainda para ser recebidos pelo Presidente da República.
Omri, que deu uma entrevista à CNN Portugal em outubro, contou que Idan conduziu cerca de quatro quilómetros com dois amigos antes de ter sido intercetado por combatentes do Hamas que começaram a disparar contra o grupo. Cerca de quatro dias depois, disse, foi informado de que os amigos que viajavam com ele foram encontrados mortos.
A carta, que foi enviada no dia 29 de novembro ao MNE e é assinada pela mãe do refém, sublinha que, “enquanto aguardamos ansiosamente a libertação de Gaza do nosso querido filho Idan Shtivi”, “gostaríamos de manifestar a esperança de que levante a questão da libertação de Idan junto dos seus interlocutores como uma questão claramente humanitária”.
A mãe de Idan escreve ainda que as “boas relações de Portugal com todos os países da região e o seu interesse pessoal por esta questão puramente humanitária terão certamente um impacto real” e ajudarão a “trazer de volta o [nosso] filho”.
“Estamos prontos para fazer tudo o que estiver ao nosso alcance para trazer o nosso Idan ferido de volta a casa e estamos à vossa disposição para qualquer ação necessária da nossa parte”, conclui.
A carta foi enviada após o ministro dos Negócios Estrangeiros se ter encontrado com a família luso-israelita em Israel, a 24 de novembro, durante um périplo de dois dias pelo Médio Oriente.
Nos últimos dias, têm sido várias as notícias que dão conta da libertação de israelitas com ligações a Portugal que estavam reféns do Hamas desde o ataque em larga escala que ocorreu no dia 7 de outubro.
Alma, Noam e Liam Or, de 13, 17 e 18 anos - o último com pedido de nacionalidade ainda em curso - foram alguns dos últimos luso-israelitas a serem libertados pelo Hamas, que terá assegurado recentemente às autoridades egípcias que não iria causar qualquer tipo de dano a cidadãos com dupla nacionalidade.