Campomaiorense-V.Guimarães, 0-1 (crónica)

15 dez 2000, 23:58

Falta de inspiração e arbitragem a «desajudar» O Vitória venceu mas pouco fez para marcar, embora tenha defendido muito bem. O Campomaiorense perdeu e o golo foi apenas uma miragem. Pior ainda foi a passagem pelo Alentejo de um trio de arbitragem que negou as poucas possibilidades de ver futebol.

Não bastava a crónica desinspiração caseira do Campomaiorense, não bastava a modéstia atacante do Vitória de Guimarães, ainda tinha de vir um árbitro (e dois auxiliares) desajudar no jogo de abertura da 15ª jornada, uma coisa com pouco interesse e ainda menos futebol. 

É verdade que o Campomaiorense pouco fez. Em 90 minutos, mais dez de descontos, não criou uma flagrante ocasião para marcar, boas jogadas foram poucas, as raras ideias de um futebol desinteressante nunca passaram disso mesmo, de ideias. 

Mas caramba, quando a principal arma de uma equipa é a velocidade - e os alentejanos já estavam coxos com a lesão de Jorginho, na manhã do dia do jogo - e o seu jogador mais veloz é constantemente travado por um árbitro auxiliar a assinalar foras-de-jogo a torto e a direito, a maior parte das vezes sem razão, fica difícil fazer seja o que for. Especialmente se essa estratégia, de jogar em velocidade, não é a indicada para um jogo em casa em que o adversário vem com vontade de, acima de tudo, travar as investidas contrárias, antes de pensar em atacar. 

Foi assim que se passaram os primeiros 40 minutos do Campomaiorense-Vitória de Guimarães. Com as duas equipas em esquemas tácticos idênticos e a encaixarem-se na perfeição, com marcações acertadas e compensações bem feitas, chegar à área contrária já era uma vitória. 

Perseguições, distâncias, problemas de visão? 

Os alentejanos procuravam atacar mais, mas Vítor Meira, auxiliar de Emanuel Câmara, encarregava-se de evitar que esses ataques dessem em alguma coisa. Laelson, a principal vítima do juiz, foi aliás perseguido em todo o encontro. Talvez por ser extremo-esquerdo, jogando por isso do lado oposto aos auxiliares, as correias do brasileiro foram sistematicamente julgadas como resultado de lances de fora-de-jogo. Se o futebol português já teve um guarda-redes que era míope e por isso tinha dificuldades em jogar à noite, um tal de Kralj, que passou pelo F.C.Porto, talvez a mesma explicação possa servir para o que aconteceu em Campo Maior. Afinal, a 70 metros de distância, não deve ser fácil avaliar a posição de um jogador - embora seja essa a principal tarefa de um auxiliar, mas enfim... 

Serve isto para explicar que o pouco que poderia ter tido piada em 40 minutos de futebol foi arruinado pela arbitragem. O Vitória de Guimarães, aos 38 minutos, conseguiu enfim uma boa jogada. O remate de Carlos Alvarez passou a rasar o poste da baliza de Paulo Sérgio. 

Pouco depois chegou um golo acidental. O mérito é de William, que tem um cabeceamento soberbo depois de livre da direita de Soderstrom, mas até aí o Guimarães nada tinha feito para o merecer. 

E nada veio a fazer na segunda parte para justificar a vitória que, enfim, chegou, depois de cinco derrotas consecutivas. Se o Guimarães regressa ao Minho satisfeito, deve-o a um momento de inspiração do seu defesa-central - embora conte também com o mérito de não ter sofrido golos, uma vez que foi extremamente eficaz a defender. 

E depois... duas expulsões 

A segunda parte foi menos ofensiva da parte dos auxiliares - até porque, a partir de certa altura, o Campomaiorense desistiu de tentar ir à linha e começou a despejar bolas de meio do meio-campo vimaranense para a área -, mas chegou então a vez do árbitro Emanuel Câmara borrar a pintura. O madeirense conseguiu, num jogo correcto e em que os nervos só atacaram nos últimos cinco minutos, mostrar dez cartões amarelos, repetindo dois jogadores - Abel e Marco Almeida foram assim expulsos sem saberem bem o que lhes estava a acontecer. 

Poderiam as duas expulsões ter animado o encontro, mas nem isso. O Vitória, com menos um jogador durante 17 minutos, preocupou-se em segurar a vantagem. O Campomaiorense, na procura do empate, cada vez bombeava mais bolas, que inevitavelmente terminavam nas mãos de Tomic - ou, nas vezes em que os balões saíam mesmo mal, por trás da baliza do Guimarães. 

Por isso a derrota é castigo justo para os alentejanos, que ainda não venceram em casa este ano, ao fim de nove jogos. Aliás, o Campomaiorense quase ofereceu os três pontos aos visitantes, que podiam ter terminado o encontro bem mais descansados, se Manoel não tivesse desperdiçado uma oferta de Beke, permitindo a defesa de Paulo Sérgio. 

Foi a única verdadeira oportunidade de golo de toda a segunda parte. O Vitória de Guimarães veio pela calada e foi com os três pontos. Em Campo Maior continua-se com esperança de que o futebol, um dia, faça uma visita.

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