Braga-Sporting, 2-1 (destaques)

13 out 2001, 20:22

Abio... pum!

Abiodum para a arritmia

Parece nome de cidade de um país desértico ou, numa visão mais ocidental, marca de ansiolítico. No Braga é nome de jogador. Fogoso e irreverente. O avançado foi o escolhido por Manuel Cajuda para acelerar o jogo do Braga sempre que os médios recuperavam a bola e cumpriu o objectivo sem contra-indicações. Abiodum correu sempre ao ritmo que toda a equipa devia correr e deixou Rui Jorge próximo do pânico, muitas vezes à procura dos rins que o nigeriano deixara em cacos com rodopios contínuos e sequências de cruzamentos e remates que pareciam intermináveis. Pode não ser tão elegante como Luís Filipe, que o tapou durante um ano inteiro, mas parece ser capaz de alcançar rendimentos semelhantes. 

Paulo Bento

Terá sido o único jogador do Sporting com um rendimento próximo do habitual, o que, por si só, já justifica um destaque. O jogo não estava fácil para quem luta pelo poder a meio-campo, especialmente porque Tiago e Barroso estavam a jogar muito bem, por isso exigia-se mais fibra que imaginação. Paulo Bento soube ter as duas coisas. Na primeira parte foi mesmo o principal transportador do jogo leonino, procurando muitas vezes o flanco esquerdo que João Pinto deixava irritantemente para se colar a Jardel e Niculae. Caiu de rendimento após a expulsão de Rui Jorge, altura em que Boloni lhe pediu que fechasse o corredor que ficara aberto. Era altura de defender. 

Tiago em grande no meio-campo

Tem características que o fazem passar muitas vezes despercebido, mas sabe compensar a falta de magia ou subterfúgios técnicos com um sentido táctico irrepreensível. É uma das faces mais visíveis do valor das escolas bracarenses e um activo seguro para a SAD. Neste início de noite terá efectuado a exibição mais constante de todas as desenhadas sobre a relva. Tiago fartou-se de roubar bolas, não regateou energias na hora de repetir um esforço e conseguiu manter a tranquilidade necessária para endereçar a bola com precisão no instante seguinte a mais um roubo. O passe para Bakero, no lance da grande penalidade que daria o triunfo ao Braga, é seu, o que prova que um médio-defensivo não tem necessariamente de ser tosco. 

O gesto de Barroso

Podia ter acumulado disparates que ainda assim justificaria um destaque. O capitão regressou recentemente à competição após recuperação demorada e provou que pode ser dos jogadores mais importantes para Cajuda. A sua experiência merece, pelo menos, um lugar importante no plantel e o seu caso específico deve ser utilizado para mostrar aos mais novos o que é exactamente o Braga. Barroso provou hoje que não se esquece dos companheiros de profissão que admira. Como que adivinhando que iria marcar, pintou o nome de Feher numa t-shirt que vestiu por baixo do equipamento e exibiu-a assim que enganou Tiago na grande penalidade, correndo direito a uma câmara de televisão para que o país percebesse que está solidário com o húngaro que segue com o futuro incerto na equipa B do F.C. Porto, depois de ter realizado uma temporada excelente em Braga. 

Jardel, como sempre

Sempre muito marcado, por vezes agarrado por Ricardo Rocha, que não o deixou sequer pestanejar sozinho. Será sempre assim. Quem o defronta treme de medo se o pressente sozinho e proporciona-lhe uma companhia especial, sempre pronta a segurar-lhe no braço, se necessário, para manter a parceria. Ser o perigo em pessoa tem destas coisas, especialmente na I Liga, onde toda a gente já sabe aquilo que Jardel pode fazer. Hoje voltou a ser assim. Poucos remates, poucas bolas jogáveis, entendimento nulo com Niculae. Só Ricardo Rocha parecia lembrar-se que o brasileiro ainda se mantinha em campo, mas, mesmo assim, ameaçava esquecê-lo a qualquer instante. Foi o que aconteceu ao minuto 74. O resto nem é preciso explicar. Cabeçada... golo. Mais um.

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