Boavista «campeão» de Inverno 25 anos depois

14 jan 2001, 19:52

Jaime Pacheco segue as pisadas de Pedroto A vitória sobre o F.C. Porto colocou os axadrezados no topo da classificação no final da primeira volta, repetindo o feito de 75/76. Nessa época, o Boavista teve a melhor época de sempre, lutando pelo título com o Benfica até às derradeiras jornadas. Resta esperar para ver o que consegure fazer na presente temporada.

O título de campeão de Inverno não é inédito no Boavista, pois já na época de 1975/76 tinha levado o clube a ultrapassar a primeira volta no comando. Aliás, essa foi a melhor época de sempre dos axadrezados, que lutaram pelo título com o Benfica até às derradeiras jornadas, ficando a apenas dois pontos do primeiro lugar.  

Num campeonato com 15 equipas, foi alcançado o maior número de vitórias (21), o menor número de derrotas (3, marca igualada em 98/99), o maior número de golos marcados (65, com a contribuição da goleada histórica de 9-0 à CUF) e o menor número de golos sofridos (23). 

João Alves era a grande figura da altura, secundado por Botelho, Zezinho, Carolino e Barbosa. No final da primeira volta, o Boavista estava um ponto à frente do Benfica, depois de ter vencido ao FC Porto e ao Sporting e empatado na Luz. Só que, logo nas duas primeiras jornadas da segunda volta, permitiu que os encarnados fossem ao Bessa vencer (4-1) e perdeu na deslocação ao Estádio das Antas. O título estava perdido e Pedroto via Jordão entregar o campeonato ao Benfica, chegando a melhor marcador da prova, com 30 golos. 

A consolação viria alguns dias depois da desolação, com os axadrezados a conquistarem a segunda Taça de Portugal consecutiva. Em pleno Estádio das Antas, frente ao Guimarães. Nessa altura, a euforia percorreu a cidade e levou Pinto da Costa a sugerir a Américo de Sá (presidente do F.C. Porto) que seria melhor trazer Pedroto de novo para o clube. Bastou uma conversa e a promessa de que Pinto da Costa seria o novo director do futebol, para que o «Zé do Boné» aceitasse o convite. 

Pacheco segue pisadas de Pedroto 

Vinte e cinco anos depois, o Boavista volta a repetir o feito, chegando ao final da primeira volta em primeiro lugar. No comando da equipa surge um treinador que se assume como um seguidor das ideias de Pedroto. «Ele ajudou-me a ser homem e técnico», assumiu na conferência de imprensa referente ao jogo que colocou a sua equipa no topo da classificação. 

Jaime Pacheco tem conseguido manter o clube entre os maiores do futebol português. Depois de em 98/99 ter conduzido os axadrezados até uma luta acesa pela liderança com o F.C. Porto, que só foi decidida na penúltima jornada (com um polémico empate em Faro), coloca agora a equipa num patamar elevadíssimo, que permite sonhar, com toda a legitimidade, com a obtenção do título de campeão nacional. 

As semelhanças de carácter com Pedroto são reduzidas. Pacheco é mais expansivo e emocional e agora menos polémico nos ataques à arbitragem. Recorde-se que o seu guru chegou a liderar uma autêntica batalha, coadjuvado por Pinto da Costa, contra o sistema instaurado em Lisboa («um roubo de Igreja» e «quando o Porto atravessa a Ponte Luiz I já está a perder» ficaram célebres). No entanto, mantém uma proximidade muito grande com os jogadores, que são minuciosamente estudados para uma melhor gestão do plantel. 

A Jaime Pacheco falta, porém, treinar um dos três clubes grandes. A idade (42 anos) ajuda-o a alimentar esperanças e o futuro pode trazer-lhe muitas oportunidades. Para já, o seu currículo assinala passagens pelo Paços de Ferreira, Rio Ave, Lamas, Guimarães e Boavista, com os maiores êxitos a serem vividos com a camisola axadrezada.

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