Jorge Castelo (Farense): «O meu sangue é daqui»

10 fev 2002, 19:31

Farense-P. Ferreira, 1-1 (reportagem) Jorge Castelo, treinador do Farense, indignou-se com as dúvidas levantas pelos adeptos quanto ao seu amor ao clube. José Mota gostou da partida e...da arbitragem.

Jorge Castelo, treinador do Farense, voltou a ser contestado esta tarde depois do empate (1-1), no Estádio São Luís, com o Paços de Ferreira, em jogo da 22ª jornada da I Liga. Os adeptos estenderam duas faixas nas bancadas nas quais colocavam em dúvida o amor ao clube da parte do treinador: «Castelo: ainda agora chegaste e já sentes mais do que nós?» e «Ser Farense não se aprende em três meses...nasce connosco». 

Jorge Castelo sentiu-se atingido e quis deixar clara a sua dedicação ao clube. «Quero agradecer aos jovens das tarjas o apoio que deram à equipa, devem continuar sempre assim», começou por dizer antes de fazer uma pequena correcção. «Têm um senão, deviam antes ter procurado saber a minha história. O meu pai é algarvio e tenho dezassete (!) irmão algarvios. O meu sangue é daqui», referiu o treinador fechando a questão.  

O empate desta tarde não permitiu ao Farense sair da linha de água, mas Jorge Castelo não sente o seu lugar ameaçado. «Sinto toda a estabilidade da parte da direcção da SAD, estou completamente à vontade para ser líder, não me sinto nada enfraquecido. Há dois jornais que não fazem muita pressão, mas há um que faz uma pressão enorme, tendo se calhar até fontes priveligiadadas, chegando, inclusive, a anunciar que iam apresentar um treinador», acusou Jorge Castelo. 

Pelas contas do treinador, a manutenção está ao alcance do Farense. «Faltam doze jogos em que temos de fazer dezasseis pontos para assegurar a manutenção. Desses jogos, quatro são em casa contra a equipas que estão, tal como nós, a lutar pela sobrevivência, além de termos jogos onde podemos ir buscar pontos fora. É evidente que a clasificação dá alguma tremideira, mas não vamos entrar no desespero, que isso é a pior coisa», explicou antes reforçar a sua convicção: «Garanto, se me deixarem, que vou deixar o Farense na I Liga». 

Quanto ao jogo desta tarde, Jorge Castelo reconheceu algum nervosismo da parte dos seus jogadores. «Tentámos fazer uma boa partida. Os jogadores estiveram nervosos, principalmente depois do golo do Paços, na primeira vez que chegou à nossa baliza. Mas conseguimos o empate e equilibrámo-nos em termos emocionais. Na segunda parte tivemos algumas oportunidades mas não conseguimos concretizar», resumiu. 

José Mota: «Na segunda parte o Paços entrou mais alegre» 

José Mota, treinador do Paços de Ferreira, gostou da partida e considerou o resultado final justo. Marcar primeiro foi crucial. «Foi um jogo muito disputado, com os jogadores a terem uma entrega de salutar. Houve bons pormenores técnicos e o resultado foi justo. O Farense, na primeira parte, foi mais pressionante, mas conseguimos marcar e equilibrar o jogo, sabendo que se marcássemos intranquilizaríamos o adversário devido ao seu estado de epirito. O Farense teve o mérito de conseguir o empate e a partir daí o jogo desenrolou-se mais a meio-campo», referiu o técnico na análise ao jogo. 

José Mota destacou a atitude dos seus jogadores no segundo tempo. «Na segunda parte o Paços entrou mais alegre, conseguindo boas jogadas e oportunidades, com o jogo a alterar-se depois da expulsão do Adalberto, surgindo então um Farense mais dominador, mas jogando mais com o coração do que a cabeça», prosseguiu o técnico. 

Ao contrário do que é habitual, José Mota gostou da arbitragem, embora tenha detectado uma falha. «Houve uma situação de grande penalidade sobre o Zé Manel, mas só um erro em todo o jogo eu aceito. O árbitro, seguramente, está satisfeito com o seu trabalho», concluiu.

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