Jorge Silva Melo estava internado no Hospital da Luz, em Lisboa
Morreu o encenador Jorge Silva Melo, revelou o pianista Nuno Vieira de Almeida no Facebook. Também os Artistas Unidos, companhia que Silva Melo fundou e onde foi diretor artístico, confirmou a notícia.
Cineastea, escritor, crítico, dramaturgo, editor, tradutor, fundou e dirigiu, com Luís Miguel Cintra, o do Teatro da Cornucópia 1973 e a sociedade Artistas Unidos em 1995.
Nascido em Lisboa, a 7 de agosto de 1948, estudou na London Film School, foi bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian, e estagiou em Berlim junto do encenador Peter Stein, e em Milão com Giorgio Strehler.
É autor das peças "Seis Rapazes Três Raparigas", "O Fim ou Tende Misericórdia de Nós", "Prometeu", e "O Navio dos Negros", entre outras.
No cinema, realizou as longas-metragens "Ninguém Duas Vezes" e "António, Um Rapaz de Lisboa", entre outras, além de documentários sobre a vida de artistas plásticos, como Nikias Skapinakis e Ângelo de Sousa.
Traduziu obras de Carlo Goldoni, Luigi Pirandello, Oscar Wilde, Bertolt Brecht, Georg Büchner, Lovecraft, Michelangelo Antonioni, Pier Paolo Pasolini, Heiner Müller e Harold Pinter.
"Um dos grandes, dos que mais fez durante décadas a fio, escrevendo, encenando, ensinando, filmando, representando, deixou-nos hoje. Muito se dirá amanhã sobre ele, por quem esteja mais bem preparado para o fazer do que eu. Eu estou apenas triste. Este início de ano com mortes sucessivas, guerra, solidão, tem sido devastador. 'Este também começou comigo' disse ele ao apresentar-me a um actor (creio que o Ruben Alves) com quem estava a trabalhar na altura, alguns meses atrás na Rua da Escola Politécnica. Comecei sim, Jorge, e não te vou esquecer", escreveu Nuno Vieira de Almeida.