Rosenborg: uma máquina afinada e bem conhecida

23 ago 2001, 17:43

Agora outra vez com Rushfeldt O F.C.Porto está ligado à História do clube norueguês - foi um dos adversários na melhor participação de sempre do Rosenborg nas competições europeias. Este ano voltam a encontrar-se.

O Rosenborg vai entrar em acção na Liga dos Campeões com a vantagem de já levar a época em fase adiantada. Para evitar os rigores do inverno o campeonato norueguês joga-se de Abril até final de Outubro. Ou seja, o campeão noruguês termina primeiro a sua participação no campeonato do que a primeira fase da Liga dos Campeões - entrando com mais ritmo mas podendo também acusar saturação. 

Neste momento o Rosenborg lidera o campeonato norueguês, com dois pontos de vantagem sobre o Lillestrom, que tem menos um jogo. A sete jornadas do final da prova a incerteza permanece, até porque logo atrás (a três e quatro pontos do Rosenborg) vêm o Viking e o Brann. Na época passada a equipa de Trondheim venceu confortavelmente, com sete pontos de vantagem sobre o Brann, confirmando o domínio que detém na última década. O Rosenborg conquistou os últimos nove campeonatos da Noruega, dos 15 troféus que já venceu. 

A equipa de Trondheim é, assim, o conjunto escandinavo mais destacado dos últimos anos. Foi o primeiro clube da Noruega a converter-se ao profissionalismo e o resultado foi juntar o domínio interno a boas prestações nas competições europeias - que o diga o F.C.Porto. 

Porto na melhor participação de sempre nas competições europeias 

Os portistas enfrentaram já o Rosenborg por duas vezes na Liga dos Campeões. Em 96/97 o F.C.Porto conseguiu duas vitórias. Começou por vencer por 1-0 em Trondheim, para depois, em casa, ganhar 3-0. Um ano bom para os portistas que venceram o grupo D com cinco vitórias e um empate - apenas em casa, com o Milan, os portistas não venceram, sendo eliminados depois nos quartos-de-final pelo Manchester United. 

O Rosenborg, apesar das duas derrotas com o F.C.Porto, conseguiu nesse ano a sua melhor participação de sempre nas provas europeias. Uma vitória em San Siro na última jornada do grupo D permitiu aos noruegueses apurarem-se também para os quartos-de-final, onde caíram às mãos da Juventus, que também encontram este ano na Liga dos Campeões. 

No ano seguinte, em 97/98, F.C.Porto e Rosenborg voltaram a encontrar-se. E desta vez a equipa de Trondheim levou a melhor, vencendo em casa por 2-0 e empatando nas Antas a um golo. Apesar do segundo lugar no grupo - o F.C.Porto foi último, com apenas quatro pontos - o Rosenborg foi eliminado, já que nesse ano apenas passaram aos quartos-de-final os dois melhores segundos. 

Curiosamente, o Rosenborg voltou a Portugal em 99/00 na Liga dos Campeões, mas desta vez para defrontar o Boavista. A campanha dos noruegueses, aliás, arrancou no Bessa com uma vitória por 3-0. Em Trondheim os boavisteiros perderam por 0-2. 

Sucesso na pele de um treinador 

O sucesso do Rosenborg na década de 90 deve-se grandemente a uma pessoa: Nils Arne Eggen. O treinador de 60 anos foi um dos maiores jogadores de sempre do Rosenborg. Em 1971 era um dos treinadores do clube quando este conquistou a sua primeira dobradinha - campeonato e taça no mesmo ano. Em 1977, quando o Rosenborg desce à II Divisão, é contratado para fazer voltar a equipa aos dias de glória. Hoje, 24 anos depois, é sua a grande responsabilidade pelo nome do clube de Trondheim ser conhecido em toda a Europa. 

Depois de uma boa fase no final da década de sessenta, em que conquista os seus primeiros títulos - campeão em 67, 69 e 71 - o Rosenborg começa a regressar à ribalta no final da década de 80. O campeonato que vence em 88 é o quinto da sua História. Treze anos depois o clube de Trondheim já passou largamente o Frederikstad e o Viking Stavanger no ranking de campeões da Noruega e conta já, igualmente, com oito taças. 

Nils Arne Eggen apostou sempre num futebol total - os jogadores jogam juntos há muitos anos, toda a equipa defende e ataca, o futebol é prático, directo, objectivo, eficaz mas também muito bonito, como F.C.Porto e Boavista comprovaram na pele. 

O sucesso do Rosenborg fez com que os seus maiores jogadores acabassem em grandes clubes europeus: John Carew no Valência, Steffen Iversen e Oyvind Leonhardsen no Tottenham, Vegard Heggem no Liverpool, Andre Bergdolmo no Ajax, mas no plantel actual ainda se encontram alguns nomes que os portugueses já se habituaram a pronunciar: o guarda-redes Jamtfall, o defesa Hoftun, os médios Strand e Skammelsrud, os avançados Brattbakk e Rushfeldt. Este último, depois de uma fracassada transferência para o Benfica - chegou a ser apresentado na Luz -, jogou em Espanha e regressou agora ao seu clube.

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