«Patrão» Deschamps, o senhor 101

2 jul 2000, 23:51

Figuras da final do Euro-2000

Ponto assente, Zidane é sem margem para dúvidas o melhor jogador do Europeu. Nem uma final relativamente discreta serve para questionar a justiça deste estatuto, tanto mais que, sem lograr ser decisivo, «Zizou» travou um combate intenso e esforçado com o meio-campo italiano, que não poucas vezes resultou em benefício da equipa, especialmente do fogoso Henry, autor de um excelente Europeu, encerrado com o título de «man of the match» na final. 

Com a alma criativa dos franceses sob liberdade condicional, ganhou espaço de afirmação a autoridade de Deschamps, general veterano de 101 batalhas. A sua voz de comando fez-se sentir com mais intensidade do que em qualquer outro jogo, sendo legítimo questionar até que ponto a crença no destino não foi alimentada pelos gritos e os carrinhos do seu «capitão».  

Numa equipa onde a veterania ainda não mostrou a sua face negativa, destaque ainda para a solidez da dupla Desailly-Blanc (este último anunciou o fim da sua carreira internacional), para a defesa decisiva de Barthez aos pés de Del Piero e para a enorme determinação posta em campo pelos suplentes Wiltord-Trezeguet-Pires, principais responsáveis pela reviravolta. 

Do outro lado, a face mais jovial da squadra permitiu juntar aos talentos defensivos já consagrados de Toldo, Maldini e Nesta - um trio com lugar em qualquer equipa do Mundo - a agradável confirmação do futebol tecnicista e inventivo de Totti, uma das boas revelações da prova. Também Albertini mostrou ser algo mais do que o trabalhador aplicado de outras tardes, enquanto Del Piero e Delvecchio, bem entrados no jogo, cometeram o pecado mortal de desperdiçar três lances para 2-0, que teria representado o KO definitivo. Uma última palavra para Cannavaro, um dos melhores centrais neste Europeu, que apesar de mais uma boa actuação acabou por estar directamente envolvido nos dois golos franceses.

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