Golo de Larsson A segunda parte demonstrou a superioridade portista, que, contudo, nem sequer rendeu o empate, apesar das tentativas de Deco, Alenitchev e Jorge Costa.
O F.C. Porto perdeu ao segundo jogo na Liga dos Campeões. Nada de verdadeiramente comprometedor, face ao empate entre Rosenborg e Juventus, mas suficientemente frustrante, tendo em conta que o adversário não deu provas de superioridade (pelo contrário) e que o golo que valeu a derrota nasceu de um lance confuso e fortuito. Marcou Larsson.
Com três trincos sobre o relvado, à imagem da estratégia ensaiada durantes os primeiros minutos frente ao Setúbal, o F.C. Porto cedeu terreno instantaneamente, assim que o Celtic, pouco artístico e muito previsível, tomou a direcção da baliza de Ovchinnikov.
Sem sinal de perigo, o F.C. Porto ensaiou o contra-ataque, mas de forma muito lenta, que, para agravar ainda mais o cenário, não encontrava em Deco o habitual dinamizador do gesto. Mais do que a braçadeira de capitão, Capucho assumia também a responsabilidade da maioria dos movimentos ofensivos, em que Ibarra se imiscua com facilidade, mas sem efeitos práticos, para além da queda na grande-área escocesa, em que não convenceu o árbitro, nem ninguém, de que uma grande penalidade teria sido cometida.
Com Paredes a procurar repetidamente o centro do terreno, onde gosta e deve jogar, a equipa portuguesa não tinha flanco esquerdo e exigia demasiado de Mário Silva, assoberbado com trabalho defensivo. Em resumo, o jogo portista era facilmente desmontado por uma equipa que abusava dos cruzamentos.
Resultado: Celtic e F.C. Porto interpretavam um jogo absolutamente desinteressante, sem pingo de encanto, que conquistou emoção súbita num pontapé de canto, conjugado com o acaso, o alívio falhado de Ricardo Carvalho e o peito involuntário de Jorge Costa, que deixou a bola ao alcance de Larsson. Ovchinnikov ainda tocou na bola, mas não fez mais do que confirmar o golo.
A atitude seria profundamente alterada no balneário, de onde o F.C. Porto regressou sem Mário Silva nem Costinha e com Rubens Júnior e Alenitchev. O seu futebol parecia, então, mais profundo e criativo, mas incapaz de fechar todos os caminhos ao contra-ataque escocês. A inversão de papéis estava consumada, perfeitamente visível na pressão azul e branca e, em especial, num remate de Capucho, que seria devolvido pelo poste.
Talvez sem necessidade, o F.C. Porto corria atrás da desvantagem, mesmo porque a segunda parte demonstrava que a primeira poderia ter sido muito diferente, bem mais simpática para os portugueses, que, na sofreguidão do ataque, não tinha como estancar a resposta do Celtic. Entre alguns disparates, Ovchinnikov viu-se forçado a fazer uma defesa fantástica, voando praticamente de um poste ao outro para negar o avolumar da diferença.
Deco, Alenitchev e Jorge Costa estiveram a um nada de empatar, já em clara fase de desespero, que mais não faria do que confirmar a derrota aos pés de um adversário que transmitiu a sensação de lhe ser inferior e que construiu a vantagem num lance fortuito e confuso.
FICHA DE JOGO
Estádio: Celtic Park, em Glasgow
Árbitro: Dik Jol
Auxiliares: Berend Talens e Jantinus Meints
Quarto árbitro: Rene H.J. Temmink
CELTIC GLASGOW ¿ Douglas, Valgaaren, Balde, Larsson, Sutton, Lambert, Petta, Agathe, Lennon, Petrov e Mjällby.
Substituições: Petta por Thompson, aos 69m; Petrov por McNamara, aos 89m.
Suplentes não utilizados: Kharin, Sylla, Hartson, Tebily e Moravcik.
Treinador: Martin O¿Neill
F.C. PORTO ¿ Ovchinnikov; Ibarra, Jorge Costa, Ricardo Carvalho e Mário Silva; Jorge Andrade, Costinha e Paredes; Capucho e Pena.
Substituições: Costinha por Alenitchev, aos 46m; Mário Silva por Rubens Júnior, aos 46m; Ibarra por Hélder Postiga, aos 76m.
Suplentes não utilizados: Paulo Santos, Cândido Costa, Clayton e Ricardo Silva.
Treinador: Octávio Machado
Ao intervalo: 1-0
Marcadores: 1-0, Larsson (36m)
Disciplina: cartão amarelo a Ibarra (62m)
Resultado final: 1-0