Benfica - 40 anos depois de Berna
O «caso Eusébio» agitou a época futebolística de 1960/61. O jovem moçambicano Eusébio da Silva Ferreira provocou mais uma guerra entre os dois grandes clubes de Lisboa, Benfica e Sporting, ao assinar um compromisso com a equipa da Luz quando, em Moçambique, pertencia ao Sporting de Lourenço Marques, filial dos «leões» na então colónia portuguesa.
Aos 16 anos, Eusébio ingressou nas fileiras do Sporting de Lourenço Marques, mas, segundo conta, o seu sonho sempre foi ingressar no Desportivo de Maputo, filial das «águias» na capital moçambicana.
Um ano mais tarde, quando já tinha atingido estatuto de «vedeta» no campeonato local, foi contactado por representantes «encarnados» para ingressar no Benfica, de Lisboa, mas válido apenas a partir da época seguinte.
Perante o interesse do principal rival, o Sporting ainda tentou exercer o direito de preferência sobre o jogador, já que Eusébio possuia um contrato com a sua filial, mas sem sucesso. Eusébio queria viajar para a Luz.
O jovem jogador, então com 17 anos, acabou por partir em segredo rumo à capital portuguesa, no dia 16 de Dezembro de 1960, acompanhado pelos representantes do Benfica. Já em Portugal foi alvo de várias polémicas, esteve retido em local confidencial, sempre vigiado pelos responsáveis encarnados e teve de esperar cerca de cinco meses para voltar a jogar, já que a Federação Portuguesa de Futebol não consentiu a transferência do jogador para o Benfica.
Após vários recursos, compromissos, telefonemas anónimos e ameaças, que muita tinta fizeram correr na época, os clubes chegaram a acordo no dia 10 de Maio de 1961. Os «encarnados» pagaram uma compensação de cerca de 400 mil escudos ao Sporting Clube de Lourenço Marques, com o acordo dos homens de Alvalade.
O conflito resolveu-se ainda Eusébio não tinha dado provas das suas capacidades em campo, já que o «pantera-negra» só foi apresentado aos sócios na semana anterior à grande final de Berna, a 23 de Maio de 1961 no Estádio da Luz. Nessa noite marcou três golos frente ao Atlético. A lenda começou aí...
