De 2001 para 2002: o dia em que Owen derrotou a Alemanha

31 dez 2001, 17:01

Cinco acontecimentos internacionais

Fantástico, soberbo, magnífico, escreveram os ingleses, excepcionalmente generosos nos adjectivos. Tomara! Não era caso para menos... A aflita selecção de Eriksson goleara em Munique, num jogo asfixiante, feito de eficácia e talento, que parecia exalar dos pés de Owen e Gerrard, a cada vez que um deles esbarrava na bola. A vingança, cultural e histórica, dos ingleses, que jamais perdoarão os alemães por velhos capítulos de guerra e destruição, florescia no relvado, num ritmo letal imposto pelas famosas acelerações de um pequeno irrequieto, que fez fama em Liverpool e que, meses mais tarde, receberia a «Bola de Ouro», troféu com que a revista «France Football» distingue aquele que considera ser o melhor jogador do mundo. 

O jogo era decisivo e os alemães até começaram bem. Jancker marcou logo aos seis minutos. Mas o que estava para vir seria um verdadeiro filme de terror para os germânicos. 1-5 era, no mínimo, um resultado humilhante, motivo até do ataque cardíaco sofrido pelo pai de Rudi Voeller, o seleccionador alemão. Mais grave ainda, significava uma brusca inversão de papéis no apuramento para o Mundial 2002, confirmada no último minuto da qualificação, já em Old Trafford, por David Beckam, que empatou o jogo com a Grécia. Nos «play-off», a Alemanha, ainda marcada e magoada pelo episódio de Munique, desenvencelhou-se da Ucrânia com surpreendente facilidade. 

Maior vergonha passariam os vizinhos holandeses, que, derrotados por Portugal, em Roterdão, e pela República da Irlanda, em Dublin, seriam afastados do Mundial, sem direito a redenção nos «play-off». Mas outras surpresas aconteceriam, como a estreia da Eslovénia numa fase final de um Campeonato do Mundo. Depois de ultrapassada a Jugoslávia, de Drulovic, os eslovenos, sem o benfiquista Zahovic mas com o portista Pavlin, deram forma ao sonho no tira-teimas com a Roménia, do sportinguista Niculae. 

A Bélgica, de Robert Waseige e De Wilde, conseguiu a sexta qualificação consecutiva para fases finais, deixando pelo caminho a República Checa, com estrelas como Nedved, Berger, Rosicky e Poborsky, a Noruega, que já habituou a Europa a muito mais, nem sequer chegou a sonhar com o apuramento e o Brasil surpreendeu o mundo, depois de trémulas exibições e de uma vitória tranquila sobre a Venezuela, no último jogo, que lhe devolveu a direcção do Oriente.

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