Na quinta de Bakero O extremo maritimista soube explorar espaços e pôs a defesa axadrezada à beira de um ataque de nervos. Quer dizer, toda não, porque Pedro Emanuel foi a voz do bom senso de um Boavista muito longe da perfeição. Ricardo ajudou a evitar a derrota, assinando defesas de espantar
Paulo Sérgio
Mais uma grande exibição do defesa-central brasileiro. O homem que decidiu o jogo de há dez dias, no Bessa, voltou a ser determinante, desta feita pela forma como conseguiu neutralizar as intenções ofensivas do Boavista, nomeadamente do ponta-de-lança Whelliton. O seu remate forte voltou a assustar o conjunto do Bessa e o golaço de livre que assinou no encontro da Taça esteve mesmo para ter uma reprise, se não fosse uma grande defesa de Ricardo. Central seguro, com uma boa mobilidade, confirma-se como uma das boas surpresas do Marítimo desta época. Na temporada passada, jogava, quase sempre, na equipa B...
Bakero
Não se livra da fama de ser um jogador inconstante, de facto não dá grandes garantias de estabilidade, naquele seu jeito de puto reguila, que não pára quieto e nunca aceita ordens superiores. O curioso é que essa indisciplina, muitas vezes, serve-lhe como trunfo: é que os adversários nunca sabem o que pode sair dali. É rápido, indiscutivelmente, explora bem os espaços à direita, mas acusa, de facto, alguma irregularidade no plano da eficácia. Merece nota positiva pela entrega ao jogo e pelo dinamismo que deu ao ataque da sua equipa.
Ineficácia do ataque do Marítimo
Este ítem confere, simultanamente, uma apreciação positiva e negativa ao jogo do Marítimo. Negativa porque o que, claramente, falhou nos madeirenses foi a capacidade concretizadora. O sector ofensivo não funcionou em mais de dois terços do jogo, porque Sumudica e Ronaldo foram unidades a menos em campo. O romeno nunca se libertou da marcação de Pedro Emanuel, Ronaldo acusou a inexperiência e baqueou num jogo de alta pressão. Positiva, na medida em que Nelo Vingada teve mérito quando detectou a tempo esta realidade e tirou, de uma assentada, os seus dois homens da frente, lançando sangue novo no ataque. Resultado: o Marítimo chegou ao empate.
Foi, uma vez mais, o abono de família do Boavista. A ele os boavisteiros devem o facto de não regressaram ao continente sob a frustração de uma derrota que, a ter acontecido, poderia ter sido muito penalizadora na caminha axadrezada nesta época. Defesas de grande nível (sobretudo ao remate de Paulo Sérgio) que evitaram males maiores. No golo sofrido, soca a bola para a frente, após um canto, mas há que perceber que o guardião axadrezado está numa posição complicada, pelo que lhe era difícil aliviar com mais segurança. Seja como for, tratou-se do único lance imperfeito do dono da baliza axadrezada.
Uma aposta semi-ganha por Jaime Pacheco. Não fez um jogo brilhante, como aliás ninguém fez no Boavista esta tarde (talvez com excepção de Ricardo), mas acabou por justificar a chamada à titularidade quando inventou o único golo axadrezado. E, realmente, há dar-lhe mérito, porque era difícil o Boavista marcar, tão fraca foi a sua produção ofensiva. Atento, viu bem o passe defeituoso de Albertino e, usando da sua velocidade, aproveitou a fífia, servindo Sanchez, para um golo que o Boavista não soube preservar. Saiu aos 65 minutos e, coincidência ou talvez não, o Boavista baixou imenso de qualidade após a sua saída. Pode ter uma palavra a dizer na luta pela titularidade.
Pedro Emanuel
O único homem com discernimento na defesa do Boavista. Ao lado de um Litos traumatizado com os falhanços na selecção, um Quevedo totalmente sem ritmo e um Rui Óscar estranhamente discreto, Pedro Emanuel foi capaz de segurar Sumudica, anulando-o por completo, e minorar os estragos que a pressão madeirense fez no conjunto em meados da segunda parte. Ainda protagonizou a última oportunidade de perigo dos axadrezados, ao cabecear à malha lateral. Com Jorge Silva de regresso, é caso para perguntar: será mesmo Pedro Emanuel quem está em risco?
