Beira Mar-Santa Clara, 2-1 (crónica)

27 out 2002, 19:13

Durou pouco o ciclone açoriano Como explicar que uma equipa só «dure» um quarto de hora? Os açorianos recuaram, o Beira Mar aproveitou. E bem...

Num bom jogo de futebol (se atendermos à qualidade média dos jogos da Superliga), o Beira Mar conseguiu a sua primeira vitória em Aveiro, pondo fim a um ciclo estranho que mostrava apenas um ponto em três partidas disputadas no Mário Duarte.

E estranho, porque a equipa de António Sousa deu mais uma prova de ser um conjunto consistente, com algumas soluções interessantes e, acima de tudo, com um jogador de classe superior: Ricardo Sousa. O médio-ofensivo que o F.C. Porto não quis aproveitar voltou a fazer das suas, assinando um golo soberbo e deliciando os espectadores com três ou quatro pormenores reservados aos grandes jogadores.

Mas não foi só Ricardo Sousa a merecer elogios no Beira Mar. Fary teve também uma tarde em cheio: justificou a titularidade, com a obtenção de um golo e a assinatura de mais outro momento que só não deu em golo porque o poste o impediu. Mas o senegalês deixou um claro sinal de que está a voltar aos seus melhores momentos, o que é, obviamente, uma belíssima notícia para o Beira Mar.

Santa Clara com duas faces

O Santa Clara foi uma equipa desequilibrada. Até começou melhor a partida, mostrando uma atitude positiva para um conjunto que estava a actuar fora de casa. Mas o ascendente que assumiu no primeiro quarto de hora não teve tradução prática. Mal a o Beira Mar se refez do mau início de jogo, os açorianos foram recuando no terreno, subjugando-se a uma condição que pareciam querer recusar nos primeiros minutos.

O resultado está à vista: na quarta deslocação ao continente nesta Superliga, o conjunto de Manuel Fernandes somou... a quarta derrota. Valha a verdade que os três primeiros adversários eram Guimarães, Sporting e Boavista, equipas com outras ambições. Mas já com o Beira Mar a história era outra: perante um adversário supostamente da mesma igualha, o Santa Clara mostrou um receio desadequado e, obviamente, comprometedor. Porquê?

Acordar tarde e depois dominar

Sabe-se lá por que razão, o Beira Mar não começou bem o jogo. Se fio de jogo a meio-campo, as bolas iam parar ao meio-terreno aveirense. Mas foi aí que Sandro e Kata, uma boa dupla de médios de contenção, puxaram dos galões e pegaram no jogo. Juninho e Rui Dolores (mais o esquerdino) ensaiaram alguns desequilíbrios. O jogo aveirense começava a funcionar. Até ao intervalo, o Beira Mar criou cinco ou seis boas ocasiões para marcar. Fê-lo por duas vezes: e com justiça.

Depois do golo de Ricardo Sousa, o Beira Mar parecia dono e senhor dos acontecimentos. Só que um erro de marcação na defesa aveirense permitiu a João Pedro o 2-1 na última jogada da primeira parte.

O jogo estava relançado. Manuel Fernandes lançou Vítor Vieira e sacrificou Vouzela. Trocou Lito por Kali, para ganhar em capacidade aérea lá atrás. Mais tarde, ainda apostou em Brandão. Nada disso funcionou, apesar dos esforços de Vítor Vieira. O Beira Mar fez uma gestão inteligente no segundo tempo e ofereceu aos seus adeptos a sua primeira vitória caseira. 

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