Alverca-Campomaiorense, 2-1 (crónica)

27 mai 2001, 19:13

Frustração e nervos na tarde do tédio Previa-se emoção, mas quase só houve tédio. O Campomaiorense precisava de fazer pela vida, mas acabou por ser o Alverca a vencer, já perto do final.

Uma história com um final previsível. Era difícil, muito difícil a tarefa do Campomaiorense. Tinha que tentar ganhar, mas mesmo que o conseguisse havia que esperar por um deslize de Guimarães ou Gil Vicente. Como nenhum destes cenários se verificou, a derrota do conjunto alentejano nem sequer agravou o que já seria certo: a descida à II Liga do único clube que restava do Interior de Portugal. 

O jogo teve contornos fora do normal. A primeira ideia que ressalta é a de que a qualidade do espectáculo foi bastante fraca. Sobretudo na primeira parte. Houve fases, nos primeiros 45 minutos, de puro surrealismo, quando o Alverca criava ocasiões de perigo mas insistia em falhar à boca da baliza. Foi assim num lance em que Tito tinha tudo para desfeitear Paulo Sérgio; foi assim quando Damas apareceu, por duas vezes, isolado na área.  

O Campomaiorense não conseguia pegar no jogo. Envolvido numa redoma de medo e angústia, o conjunto de Diamantino bloqueou: não pensava o seu jogo, não efectuava as marcações devidamente, dava espaços a mais na defesa. Com um ouvido no que se passava em Barcelos e em Guimarães, os homens de Campo Maior não se abstraíram da forte probabilidade que cada vez mais parecia ser a condenação. Assim se explica uma exibição tão frouxa num jogo de tão grande importância para os alentejanos. 

Uma lufada de ar fresco 

Numa tarde tão quente, o tédio foi uma consequência quase inevitável. O Alverca parecia não querer marcar, o Campomaiorense não conseguia jogar. Os mais de 30 graus que se faziam sentir agravavam o cenário pouco chamativo para quem gosta de futebol. Era preciso que algo de bom acontecesse. E foi aí que surgiu... Milinkovic. Minutos antes da sua despedida do futebol português, o médio culminou uma boa exibição com um golo que praticamente ditou a sentença de descida ao Campomaiorense.  

Curiosamente, foi a partir daí que o jogo melhorou ligeiramente. Já conformados com a má sorte que lhes iria calhar, os jogadores do Campomaiorense passaram a encarar as coisas de outra maneira e mostraram alguns pormenores interessantes. O golo do empate surgiu com relativa naturalidade. O empate afigurava-se como o resultado mais previsível. 

As últimas palavras do condenado 

Com uma frente de ataque bastante alargada, a equipa de Campo Maior tentou ainda um esforço final. Foram quase as últimas palavras de um condenado. Diamantino deu ordens para atacar, atacar. Mas a razão já estava há muito arredada. Mais tranquilo, o Alverca preservou o seu esquema e mostrou-se uma equipa mais equilibrada na parte final do jogo. 

A jogar com uma equipa muito desfalcada dos seus principais valores, o conjunto da casa acabou por ser feliz, ao marcar no último segundo do jogo. Foi uma vitória com pouco brilho, porque sustentada por uma exibição mediana. 

O Campomaiorense despede-se sem glória do escalão principal do futebol português, quatro anos depois da ascensão. Acompanhando os outros sectores da vida nacional, o país futebolístico cinge-se cada vez mais à sua faixa litoral.

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