Sp. Braga-Santa Clara, 1-1 (crónica)

19 jan 2003, 19:40

Uma história com três actos e um desfecho dramático A história de um grande jogo de futebol teve três actos e um desfecho dramático.

Sporting de Braga e Santa Clara empataram este domingo a uma bola naquele que foi um dos jogos mais interessantes de seguir nesta Superliga. Num momento em que muito se fala de protagonismos excedentários e de falta de espectáculo, os jogadores bracarenses e açorianos deram uma prova cabal daquilo que pode ser um bom jogo de futebol, com emoção até ao apito final do árbitro e, claro, como não poderia deixar de ser, com casos à mistura.

O Santa Clara apareceu no Estádio 1º de Maio de cara lavada. Depois de um empate conseguido na Póvoa de Varzim, a revitalizada equipa de Carlos Alberto Silva entrou em campo destinada a conseguir os primeiros três pontos fora dos Açores. O Sp. Braga, a atravessar uma clara crise de confiança, esperava tudo menos a forma como o Santa Clara entrou no jogo.

Nos primeiros minutos só deu Santa Clara. Com George muito activo ora na esquerda ora na direita e com Ceará em cunha no meio dos centrais bracarenses, o campo pareceu estar inclinado apenas para um lado. O Braga não conseguia responder, mostrando-se confuso nas marcações e saindo atabalhoadamente para o ataque.

Que grande chapéu!

Não surpreendeu por isso que a equipa açoriana conseguisse inaugurar o marcador. Por sinal um grande golo de George que, com calma e frieza, «fabricou» um chapéu com conta, peso e medida, a Quim com a bola embater na rede lateral, mas na parte de dentro. Mas o golo até fez bem à equipa da casa. Alertou-a, despertou-a para o facto de estar a perder no seu terreno frente à formação que ocupa a última posição no campeonato.

Daí para frente e até ao intervalo, a equipa do Sp. Braga pareceu outra. Ganhou o meio-campo, com Barroso a liderar a revolução, e partiu para o ataque, com Arrieta e Bordi muito mexidos, mas pouco eficazes. A maior esperança residia nos pés do médio arsenalista. Barroso levava pânico à defensiva do Santa Clara cada vez que marcava os livres.

Por aí mesmo surgiu o golo do Braga. Livre de Barroso (quem mais?), toque subtil de Nené na grande área e Antia, o alto defesa central da equipa, a baixar-se ao ponto de poder encostar a cabeça na bola, já perto ao segundo poste, e empurrá-la para o fundo das redes. Estava feito o empate.

A toada do jogo manteve-se, mas sempre que podia o Santa Clara reagia com perigo. Com um José Nuno inadaptado ao lado esquerdo, George conseguiu muitas vezes levar a bola à linha de fundo e tentar o remate ou o centro atrasado. Nas costas aparecia sempre Ceará. João Pedro não existia e preparava-se para sair.

Desfecho dramático

Na segunda parte, o jogo baixou de qualidade, mas nem por isso, faltaram oportunidades para golo. No lado do Santa Clara, Figueiredo, Ceará e Pedro Henriques tiveram a sorte nos pés, mas não aproveitaram, no Sp. Braga, Hiroyama, Abiodum e Zé Roberto poderiam ter resolvido. Mas não. O desfecho dramático da ineficácia estava reservado para o final.

O Sp. Braga carregou nos últimos dez minutos e deve a si próprio o facto de não ter saído com os três pontos. Primeiro reclamou-se grande penalidade sobre Zé Roberto, não assinalada. Pouco depois Paulo Paraty apontou para a marca de castigo máximo por mão de Aldo na grande área. Começava o drama.

Barroso colocou a bola na marca, mas não partiu com convicção. Enviou a bola para o lado direito de Jorge Silva e este adivinhou. A bola não entrou e os adeptos do Sp. Braga levaram a mão à cabeça. Estava escrito que o empate não seria desbloqueado. Nem mesmo minutos depois quando Arrieta recebeu a bola em posição e partiu isolado para a baliza do guardião do Santa Clara. O avançado sentou Jorge Silva e quando já se esperava que levantasse a bola para o golo da vitória, fez um compasso de espera e quando olhou já não a tinha. O Sp. Braga recebeu o castigo pela ineficácia, o Santa Clara o prémio pela postura que apresentou fora de portas. Os pontos ficaram divididos, mas quem saiu do Estádio 1ª de Maio deve ter ido para casa com vontade de voltar.

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