F.C. Porto-Celtic, 1-0 (crónica)

17 jul 2001, 23:06

Sinais de bom Porto em noite absolutamente surreal

Numa partida com contornos absolutamente surreais, o F.C. Porto acabou por rubricar a sua melhor exibição desta pré-temporada. Uma vitória frente a uma equipa como o Celtic, que é bicampeão escocês, nesta fase da preparação portista, constitui, por si só, um óptimo sinal para os azuis e brancos.

O único motivo pelo qual os portistas não devem sorrir tem a ver com o azar sofrido por Paredes. O paraguaio é um dos pilares do onze que Octávio Machado está a preparar e a entorse que contraíu esta noite no pé direito foi a pior maneira de os portistas terminarem este estágio em França. 

O lance da lesão de Paredes foi, de resto, um dos momentos centrais deste jogo. Até à saída do paraguaio, o Porto estava a dar muito boa conta de si. Mostrava-se superior ao Celtic no jogo-jogado, explorando com relativa eficácia o seu maior talento técnico. O Porto conseguiu chamar a si as rédeas do jogo para conduzi-lo da forma que mais lhe convinha. Rafael foi um autêntico diabo à solta, liderando a construção de jogo do conjunto português.  

Com segurança e consistência, o meio-campo portista foi provando que não é por acaso que tem sido considerado «de luxo». Rafael, Soderstrom, Paredes, Cândido Costa e Deco faziam entre si combinações de espantar qualquer escocês desprevenido. Só foi pena que as várias oportunidades criadas na primeira parte não tenham tido a melhor sequência. Mas os primeiros 45 minutos foram portugueses.  

Substituições e azar de Paredes cortaram embalo  

O que a primeira parte mostrou foi, claramente, o melhor Porto que até agora se pôde ver esta época. Claro que ainda faltam limar arestas: falta, sobretudo, mais eficácia na concretização. E convém ressalvar também que ficou sempre no ar a ideia de um certo desequilíbrio. O Porto inclinou-se demasiado para a esquerda. Mário Silva e Rafael (com Soderstrom de permeio) foram muito mais intervenientes do que Secretário e Cândido Costa. Um desequilíbrio que terá que ser corrigido. 

Na segunda parte, tudo mudou. Primeiro, com a lesão de Paredes. Depois, com o avolumar de substituições. O jogo tornou-se confuso e desgarrado. Houve até um quarto de hora de total desnorte. Mas o Porto voltou a recompor-se, com as boas entradas para o ataque de Alessandro e, sobretudo, Capucho. O golo portista dá justiça ao resultado, ainda que tenha sido apontado em fora-de-jogo (um entre muitos erros de um árbitro de recurso). 

O Celtic mostrou-se muito perigoso no jogo aéreo, com Larsson e Sutton a formarem dupla de respeito no ataque. Os defesas da equipa escocesa são fortes. Mas no global são uma equipa menos consistente que o Porto. 

Octávio testa adaptações a um modelo flexível 

O F.C. Porto surgiu neste jogo com um esquema um pouco diferente do que tinha apresentado nas primeiras duas partidas. Octávio percebeu que o sistema adoptado pelos escoceses exigia dois médios mais fixos no miolo. Adaptou Soderstom mais no centro, jogando ao lado de Paredes na linha à frente dos defesas e atrás de três médios-criativos: Cândido à direita, Deco no meio e Rafael à esquerda.  

Um esquema muito móvel e que contemplava as especificidades de cada jogador. Rafael revelava muito mais mobilidade em campo do que Cândido, que quase não recuava. Se a isto juntarmos a já revelada diferença de estilos dos dois laterais ¿ Mário Silva muito mais ofensivo e participativo do que Secretário -, facilmente se explica a razão pela qual o Porto se mostrou muito esquerdista. 

Se o losango do meio-campo, afinal, não é obrigatório, o facto é que Octávio dá mostras de pretender uma grande flexibilidade num modelo que se baseia, claramente, num meio-campo alargado. 

FICHA DO JOGO 

Estádio Charlety, em Paris

Árbitro e arbitros auxiliares: na ausência do trio nomeado, o jogo foi dirigido por um francês, que é director do Estádio Charlety, com dois portugueses que estavam na bancada como auxiliares 

F.C. PORTO (4x2x3x1): Ovchinnikov; Secretário, Jorge Costa, Jorge Andrade e Mário Silva; Paredes e Soderstrom; Cândido Costa, Deco e Rafael; Pena.

Substituições: Rafael por Alessandro (46m); Secretário por Ricardo Carvalho (46m); Paredes por Quintana (55m); Deco por Alenitchev (67m); Pena por Capucho (67m); Cândido Costa por Nélson (71m); Jorge Costa por Ricardo Silva (77m);

Suplentes não utilizados: Pedro Espinha, Paulinho Santos, Ricardo Sousa, Pavlin, Ivan Moreno, Maric e Clayton.

Treinador: Octávio Machado 

CELTIC (3x5x2): Douglas; Valvgagren, Tebily, Mjalby; Lambert, Thompson, Moracvik, Petta e Smith; Sutton e Larsson

Entraram ainda: Lennon, McNamara, Kerr, Healy, Maloney, Johnsen, Agathe, Boyd, Crainey

Treinador: Martin O¿Neill  

Ao intervalo: 0-0

Marcadores: 1-0, Capucho (87m)

Resultado final: 1-0

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