Liga dos Campeões: B. Dortmund-Boavista, 2-1 (destaques)

16 out 2001, 21:51

Checo-mate! Rosicky foi o criativo e não deu hipóteses assim que o Boavista abrandou. Turra e Emanuel aguentaram enquanto puderam, mas um par de desatenções deitou tudo a perder.

Rosicky

Tudo o que faz é bem feito e merece aplausos. O checo é um daqueles jogadores que encantam até na forma como pisam a relva e farta-se de espalhar classe nas zonas que calcorreia. Esta noite esteve muito mais em jogo que no Bessa e acumulou dribles refinados e passes de morte, quase todos para o compatriota Koller. No minuto 64, foi o único a aperceber-se que Erivan tinha parado e colocava toda a gente em jogo e teve o engenho para descobrir Koller, que depois isolaria Ricken. Só podia ter dado golo. Golo deu igualmente o seu cruzamento milimétrico para o segundo remate certeiro dos alemães. Rosicky não marcou, mas inventou dois golos o que tem de ser tão valorizado como as duas finalizações. No mínimo. 

Paulo Turra e Pedro Emanuel

O adversário, que marcavam à vez, assumindo o critério da proximidade territorial, pedia atenções máximas e exigia rigor e empenho. Qualquer deslize, qualquer pestanejar extemporâneo, deitaria tudo a perder, por isso Pacheco avisou-os que este seria um grande teste às suas características. Koller quase não se viu na primeira parte e, nas poucas vezes que tocou na bola, teve de recuar muitos metros para tabelar com Rosicky e Stevic. Os dois centrais do Boavista estiveram impecáveis neste período e pareciam condenados a ficar com o rótulo de figuras quando se fizessem as contas finais. Após o intervalo, contudo, a produção de ambos baixou. Emanuel teve de dobrar Erivan no lance do segundo golo e deixou Koller sozinho, acabando por errar quando tentava reparar um erro do colega. Uma nódoa que pareceu marcá-lo nos minutos seguintes. Turra, aparentemente impávido, apesar de amarelado, tentou animá-lo. O capitão recompôs-se, mas o Dortmund já tinha abrandado e as canseiras tinham diminuído. 

Golaço de Goulart

O melhor que se viu no Westfalen Stadium. Rosicky jogou muito, criou verdadeiras maravilhas imaginativas, mas o êxtase de quem assistia à partida de forma descomprometida terá mesmo sido o golo de Alexandre Goulart. O brasileiro recebeu de costas para o perigo, ainda longe da área, virou-se com o maior dos charmes, acariciou o couro e encaminhou toda a energia do corpo para o pé direito. A bola só pararia na rede, depois de ter beijado o ângulo superior direito da baliza de Lehmann. A beleza do lance ainda vagueia no estádio. 

Stevic como Paulo Sousa

O público do Dortmund diz muitas vezes que faz lembrar Paulo Sousa, o médio português que encantou numa equipa que venceria a Liga dos Campeões. Stevic jogo uns metros adiante (o trinco neste jogo foi Reuter), mas tem efectivamente o jeito dócil de roubar bolas que caracteriza Paulo Sousa. O seu posicionamento em campo, contudo, permite-lhe rematar mais vezes e surgir nas costas de Koller, numa espécie de segunda vaga atacante que integra juntamente com Rosicky. 

Frechaut

A versatilidade faz dele uma espécie de «pau para toda a colher». Pacheco sabe que dificilmente encontrará outro jogador no plantel que faça tantas posições com níveis de rendimento sempre elevados, por isso não tem problemas em sacrificá-lo. Frechaut aceita todas as adaptações e limita-se a jogar. Se for para defender, aplica-se ao máximo nos desarmes e chega até a ser ríspido. Se é para subir com a bola, fintar com simplicidade e rematar, também há homem. A selecção amadureceu-o e a filosofia do Boavista tornou-o num dos mais competitivos do futebol português.

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