Beira Mar-Marítimo, 2-0 (crónica)

4 mar 2001, 18:37

Muita pressão Paraty Paulo Paraty, assobiado pelos adeptos aveirenses, apontou para a marca de grande penalidade numa falta inexistente sobre Fary. E Nelo Vingada, treinador dos insulares, acabou por não poupar o juíz portuguense nas suas declarações. O Beira Mar acabou por vencer com toda a justiça um encontro que até nem começou da melhor forma devido à grande penalidade falhada por Palatsi.

Isto é o que dá a pressão. Paulo Paraty foi recebido com assobios no Estádio Mário Duarte, devido a águas passadas, e, logo no primeiro minuto, o Beira Mar beneficiou de uma grande penalidade inexistente sobre Fary. No «mundo dos ses», tratava-se de um lance que poderia ter mudado completamente a história deste desafio, se Palatsi tivesse tido pontaria mais certeira. Não o teve, para bem do espectáculo e para bem do próprio árbitro portuense.  

Apesar da grande penalidade falhada, os aveirenses aproveitaram o balanço. Lançaram-se no ataque com lançamentos para Rui Dolores, Ricardo Sousa, Gamboa e... Fary, um avançado ideal para este tipo de relvados, empapados e pouco misericordiosos para os «artistas». 

Aguiar e Luís Manuel para segurar 

António Sousa apostou em dois trincos para segurar o contra-ataque dos madeirenses. Foi feliz em alguns momentos, já que os visitantes falharam alguns golos de forma infantil ainda na primeira parte. No entanto, nos segundos 45 minutos, Fernando Aguiar e Luís Manuel conseguiram suster o adversário, ajudar os defesas e até lançar-se em correrias de contra-ataque, com particular evidência para o primeiro futebolista. 

Nelo Vingada colocou Lino a defesa-direito e voltou a dar a Mariano tarefas mais ofensivas. O Marítimo teve alguns momentos de bom futebol, a partir da meia hora, mas o maior poderio ofensivo dos aveirenses acabou por ser de mais para Mariano e Paulo Sérgio, já que Iliev tinha como missão municiar Bakero e Sumudica. 

A pseudo-crise do penalty falhado 

As oportunidades sucederam-se para a equipa da casa, embora nenhuma tivesse deixado aquela sensação de golo iminente. Aos poucos, os madeirenses foram subindo no meio-campo, jogando com a mesma arma que o seu adversário de hoje tinha utilizado até então: os lançamentos longos. Os alvos das aberturas eram Sumudica e Bakero, que começaram a criar dificuldades, sobretudo pela velocidade de arranque, aos centrocampistas e aos homens mais recuados dos aveirenses. 

Aos 26 minutos, uma boa jogada do ataque da equipa de António Sousa quase dá golo. Fary ganha posição, com um toque subtil, a Jorge Soares e lança Gamboa na direita. Este tira um adversário do caminho e cruza para Ricardo Sousa, que se encontrava muito adiantado em relação à bola. O remate saiu, por isso, torto. No entanto, parecia encontrado o caminho mais directo para a baliza dos insulares. 

O Marítimo ia respondendo também em jogadas de bola parada, com os aveirenses a cometerem alguns erros defensivos. Aos 30 minutos, Lobão falha uma intercepção na grande área e a bola sobra para Sumudica, que remata enrolado e sem força para defesa fácil de Palatsi.  

Dois minutos depois, o golo por... Fary. O senegalês não se confundiu com os ressaltos na grande área e rematou com o pé esquerdo para o fundo das redes defendidas por Gilmar. Um tento que intervalou duas oportunidades de golo para os insulares: Bakero, aos 39 minutos, faz um autêntico passe a Palatsi quando seguia isolado para a baliza, depois de esforço inglório de Sumudica no lado esquerdo do ataque. 

O jogo estava dividido. O central Lobão vai ao ataque e, de cabeça, obriga Gilmar à defesa da tarde. A bola ainda bate na trave e acaba por sobrar para um defesa madeirense. Chega-se ao intervalo com o resultado a premiar a maior eficiência dos aveirenses na concretização. 

Perigo chega com o golo 

A segunda parte não começou como a primeira. O jogo estava mais lento, mais complicado, Nelo Vingada já fazia aquecer Porfírio e Bruno, quando Gamboa, aos 63 minutos, aponta o 2-0. Não tinham existido lances de verdadeiro perigo até então... 

A partir daqui, os madeirenses, com um atraso de dois golos e a jogar fora do seu reduto, já pouco acreditavam, apesar de continuarem a jogar com entrega até aos últimos minutos do desafio.  

Aos 63 e 77 minutos, Sumudica e Quim, respectivamente, obrigaram Palatsi a defesas mais apertadas, mas foram apenas pedradas no charco de uma muito má exibição da formação orientada por Nelo Vingada. 

Tarde de Fary 

A tarde era de Fary. Na segunda parte, o senegalês partiu por completo a defesa madeirense. Aos 69 minutos, lançado pela direita, quase oferece o golo a Gamboa. Dez minutos depois, numa jogada muito bonita do ataque aveirense, o senegalês remata forte, na zona da pequena área, por cima da baliza. E aos 90, chega atrasado a uma cruzamento da direita. 

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