«Prestígio é gratificante», diz Figo

2 set 2000, 14:46

Fenómeno de popularidade também na Estónia Em Portugal, em Espanha, na Estónia e provavelmente um pouco por todo o lado, Figo é um fenómeno de popularidade. O novo jogador do Real Madrid encara tudo com a naturalidade de quem já está habituado...

Luís Figo, já ninguém o duvida, é fenómeno mundial de popularidade. Esta viagem até à Estónia serviu apenas para confirmar a ideia, com a recepção entusiástica que teve no aeroporto e a procura de que tem sido alvo desde sexta-feira. 

O mais conceituado jogador português da actualidade convive bem com isso. Cultiva uma imagem fria e distante, torna raros os sorrisos, mas nunca recusa interromper o caminho que segue para dar mais um autógrafo. 

A «Figomania», segundo o próprio Figo, não constitui para ele um peso. Antes pelo contrário: «Não há nada melhor para um profissional de futebol do que ser conhecido pelo que faz dentro de campo. O meu sucesso deve-se às condições que tenho tido para fazer o meu trabalho e ao facto de o futebol ser um fenómeno que chega a todo o Mundo de uma forma impressionante através da Comunicação Social. Felizmente, as coisas têm-me corrido o melhor possível e é bom ver que as pessoas reconhecem o meu trabalho. Afinal, além dos títulos que se podem conquistar, o prestígio é a coisa mais gratificante para um jogador.» 

Foi precisamente por causa do prestígio que Figo se sentou hoje (sábado) ao lado de Fernando Couto e António Oliveira para a última conferência de imprensa antes do Estónia-Portugal. É que as solicitações de jornalistas estónios para conversarem com o craque português começaram muito antes da viagem da comitiva. Em face do cenário, os responsáveis federativos «guardaram» a jóia da coroa para esta ocasião. 

«Vamos encarar a Estónia como se fosse outra equipa qualquer» 

«Aproveitar as oportunidades com eficácia» é a receita de Figo para o embate com a Estónia. A menor valia do adversário nem por uma vez é puxada à conversa pelo número 7 da Selecção: «Vamos encarar a Estónia como se fosse outra equipa qualquer, mantendo o maior respeito pelo adversário que temos pela frente. Queremos ganhar, obviamente, e acredito que o conseguiremos. Nem sempre é possível marcar quatro ou cinco golos, embora preferíssemos. Realmente importante é marcar pelo menos um e ele ser suficiente para vencer.» 

A possibilidade (forte) de sofrer uma marcação especial por parte de jogadores estónios não assusta Figo, que até glosa a situação: «Se estiverem dois a marcarem-me tanto melhor, pois isso significará que há pelo menos um companheiro mais livre... Acima de tudo sabemos que a Estónia tentará defender-se bem e por isso teremos que ser pacientes.» 

Sobre o seu actual momento de forma, numa altura em que o campeonato espanhol ainda não começou, Figo também soube brincar um pouco: «Às vezes digo que a única coisa que falta no futebol é os médicos inventarem uma pastilha que nos ponha logo na melhor condição! É evidente que não estamos ainda ao mesmo nível a que estávamos no final da época passada ou que estaremos a meio desta, mas a verdade é que as outras equipas também partem do mesmo ponto. De qualquer maneira, com o trabalho nos clubes vamos melhorando e neste momento é possível entrar em campo com condições de fazer o que queremos, que é vencer.» 

«Também já se dizia que o Euro era uma última oportunidade...» 

É corrente a ideia de que a fase de apuramento que amanhã se inicia constitui a última oportunidade de esta geração de jogadores marcar presença num Mundial e, noutra perspectiva, conquistar algo. Luís Figo prefere olhar para as coisas de forma menos taxativa: «Também já se dizia que o Europeu era a nossa última oportunidade... Penso que esta não é a última nem a primeira, é apenas mais uma oportunidade que temos de estar num grande palco. O importante agora é concentrarmo-nos no apuramento. Depois, nem sequer sabemos se daqui a dois anos estarão na Selecção os mesmos jogadores. O futebol dá tantas voltas...» 

De uma coisa Figo está certo - o desempenho recente desta equipa reconciliou-a de vez com os portugueses, que estão ao lado dela de uma forma como há muito não se via: «Todos temos consciência disso. Antes do Europeu as coisas não eram assim. Por um lado devido aos resultados, por outro em virtude do clubismo que há em Portugal. Neste momento há uma identificação muito maior com a Selecção e assim é muito mais fácil para nós. Sentindo o apoio das pessoas tudo é muito melhor.» 

Os jornalistas estónios estavam ansiosos por questionar Luís Figo. Respondendo às perguntas directamente em inglês, sem intermediário, o jogador do Real Madrid foi dizendo que «Holanda, Portugal e Irlanda» são os mais fortes do grupo 2 de qualificação para o Mundial, mas frisou querer «ficar em primeiro e resolver logo a passagem à fase final». 

Quando um repórter lhe perguntou como vivia o jogador mais caro do Mundo, Figo encolheu os ombros e fez rir a sala do Hotel Olumpia que serviu para a conferência de imprensa: «Como tu!» Será?

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