Em Praga, o primeiro-ministro lembra que Macron assinou, em 2018, em Lisboa, uma declaração que previa o incremento das interconexões elétricas e gasíferas
À saída da reunião informal dos 27, em Praga, na Chéquia, o primeiro-ministro abordou o não taxativo de Emmanuel Macron sobre a proposta de um gasoduto a partir da Península Ibérica para diminuir a dependência energética europeia da Rússia. António Costa salientou que o presidente francês que se manifesta contra o projeto “é o mesmo que, em 2018, em Lisboa, assinou uma declaração que previa o incremento das interconexões elétricas e gasíferas”.
Costa garante que “é preciso persistir” na tentativa de convencer o presidente francês a aderir à proposta ibérica e, ainda que compreenda as preocupações de Macron relativas à necessidade de preservar os valores ambientais dos Pirinéus, Costa manifestou-se confiante. "Esta postura da França não é nova, mas tem sido sempre intervalada com um sim. Agora está na fase do não, esperemos que rapidamente passe à fase do sim”.
O primeiro-ministro salienta ainda que os olhos de Olaf Scholz, chanceler alemão, estão postos, agora mais do que nunca, em cima da solução ibérica. Isto porque a Alemanha tinha, até agora, uma política energética assente num abastecimento a partir da Rússia. "Tudo se alterou e a Alemanha tem de reorientar as suas fontes de abastecimento. Obviamente, olha agora para a solução ibérica de uma forma diferente da que olhava anteriormente, basta olhar para o mapa e compreender que, de repente, a Península Ibérica está mais acessível do que a Rússia".
Garantindo que o plano para a interconexão ibérica será construído para estar preparado para lidar com o hidrogénio verde, Costa destacou que Portugal e Espanha estão em localizações vantajosas para o desembarque e transporte até ao norte e centro da Europa. O Porto, destaca como exemplo, "está muito próximo de alguns dos maiores fornecedores internacionais, neste caso dos EUA" e Portugal.
Para além disso, o primeiro-ministro refere que as propostas da Comissão Europeia têm seguido "no bom sentido", tendo em vista a chegada a um preço máximo para o gás e o desenvolvimento de plataformas de compras conjuntas para o gás.
O primeiro-ministro de Espanha, Pedro Sánchez disse que esperava que a Europa chegasse a um acordo para ultrapassar a relutância da França em concordar com o projeto de gasoduto através da cordilheira dos Pirenéus. "Acredito que de uma forma ou de outra, mais cedo ou mais tarde, iremos chegar a um acordo que consiga reunir todas as sensibilidades e preocupações que a França tem", disse Sánchez no palco da Cimeira da UE sobre energia.
