Motorista francês multado em 28 mil euros por circular em zona de emissões reduzidas de Londres - mas não foi o único, há milhares de motoristas europeus na mesma situação

15 abr 2023, 20:17
Carros no Reino Unido

Vários motoristas da União Europeia que transportam passageiros até Londres, estão a ser multados em milhares de euros por não cumprirem o atual modelo de emissões. Em causa estão os requisitos pouco conhecidos para circular na capital.

Um gerente de um serviço de transporte de turistas franceses para o Reino Unido, recebeu uma multa de quase 25 mil libras (cerca de 28 mil euros) com a justificação de que um dos seus motoristas, Jayson Bachubira, teria violado as zonas de emissões reduzidas e ultra reduzidas em Londres, entre outubro e novembro de 2022. 

Este modelo, que visa a melhoria da qualidade do ar na cidade e a limitação dos veículos mais antigos e poluentes, foi introduzido em 2008 e alargado substancialmente ao longo dos anos com o endurecimento das regras. As viaturas que não cumprem os padrões de emissões exigidos para entrar na capital britânica, estão sujeitas ao pagamento diário de uma taxa que pode ir das 12,50 às 100 libras, dependendo do tipo de transporte e do nível de emissões que produz. Caso contrário, são alvos de penalizações que, em alguns casos, chegam até às três mil libras (mais de três mil euros).

Uma vez que o veículo de Fernando Neiva, JD Limousine, preenchia as normas, a sua empresa não pagou nenhuma taxa. Mas o que o motorista não sabia, é que tinha de registar previamente a viatura no Transport of London. Não o fazendo, foi-lhe atribuída a classificação de veículo pesado a diesel, que resultou em 15 multas. 

Fernando Neiva contestou as coimas há seis meses, apresentando provas de que a sua carrinha estava isenta de taxas de emissões. Obteve uma resposta apenas cinco meses depois, com o aviso de que a sua situação tinha sido considerada. O veículo foi registado e a Transport for London confirmou que estaria isento de taxas, pedindo ainda desculpa pelo transtorno causado. Ainda assim, o cancelamento das multas só aconteceu após a intervenção do jornal The Guardian

"É apenas uma pequena empresa. Foi muito assustador, sobretudo quando se sabe que as regras foram respeitadas", disse Neiva, aliviado. "A espera é frustrante, principalmente quando não há resposta e continuamos a receber multas, que não param de aumentar", continuou Bachubira.

De acordo com a mesma publicação, este foi apenas um dos muitos casos de condutores de transporte de passageiros da União Europeia, prejudicados pelo requisito pouco conhecido desta entidade governamental, que é responsável pelo sistema de transportes londrino.

Também na Alemanha, França e Holanda, vários foram notificados no ano passado, após a agência de cobrança Euro Parking Collection ter acedido aos registos dos motoristas. Contudo, devido a atrasos na entrega e processamento, a maioria não conseguiu aproveitar o desconto oferecido para pagamento antecipado e o valor da multa também duplicou, por não ter sido paga dentro do prazo de 28 dias. 

O mesmo jornal noticiou, este mês, o caso de um francês multado em quase 11 mil libras (mais de 12 mil euros), depois de se ter deslocado até ao casamento do filho em Londres, num carro de baixas emissões. 

Entre janeiro e setembro do ano passado, um total de 18.962 avisos de cobrança de multa foi emitido para proprietários de veículos com matrícula estrangeira, que entraram na zona de emissões ultra reduzidas em Londres.

Um grupo de motoristas franceses planeia agora uma ação contra a Transport for London, depois de receber multas elevadas, sem a opção de comprovar a conformidade com as regulamentações. A entidade contraria estas alegações, garantindo que as multas são canceladas se os condutores forem capazes de fornecer evidências. 

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