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CEO da Sociedade Ponto Verde

Festivais sustentáveis: quando a arte e a consciência ambiental se unem

5 jul 2023, 14:39

Chegou a temporada dos festivais. Com o regresso à vida e a declaração oficial do fim da pandemia, os festivais voltaram a ser um foco de atenção e ponto de encontro de gerações apaixonadas pela música. Na minha opinião, eles são o exemplo perfeito de celebração da vida em comunidade e da paixão pela arte. Os festivais de música reúnem multidões especialmente abertas a experimentar novas sensações e unir-se em torno de valores e princípios universais e que abarcam várias gerações. Valores como sustentabilidade, prevenção e preocupação com o meio ambiente.

Esses mesmos valores têm sido promovidos nos festivais em Portugal, mas essa promoção impõe uma pergunta: Se os valores se traduzem em práticas sustentáveis e quais ferramentas e caminhos podem ser trilhados nesse sentido?

Podemos observar que a promoção contínua de uma cultura e estilo de vida associados ao chamado "consumo consciente" desperta preocupação entre os frequentadores de festivais, uma vez que o cumprimento de políticas de sustentabilidade adotadas pelas organizações é levado em consideração na escolha consciente do consumidor.

Dessa forma, as boas práticas desenvolvidas pelas organizações são atualmente consideradas tanto pelo público como pelos artistas. A promoção de um festival ambientalmente consciente, onde haja facilidade de acesso aos pontos de reciclagem, redução da poluição, reutilização de produtos de merchandising, diminuição das emissões de gases de efeito estufa e preocupação com o desperdício de água, mobilidade eco- friendly é algo que importa aos frequentadores de festivais e determinam potencialmente a sua adesão e compra de bilhetes.

Mas não é apenas isso. A prática de desenvolver e promover workshops e palestras, que não apenas procuram promover a consciencialização ambiental, mas também envolvem todos os participantes em áreas específicas dos festivais, contribui de forma positiva para essa dimensão, onde responsabilidade e diversão podem e devem andar de mãos dadas. Trata-se de uma preocupação de todos.

Um estudo recente realizado pelo projeto ESTGOH Sustentável, apoiado pelo Serviço de Saúde Ocupacional Ambiental do Instituto Politécnico de Coimbra, revela que, em perspetiva, 82% dos frequentadores de festivais consideram importante ou muito importante que um festival seja ambientalmente sustentável, e 33% até mesmo consideram esse critério, ao escolher um festival.

Não tenho dúvidas de que estamos diante de uma mudança de comportamento que responsabiliza público e organizações, com consequências interessantes para o funcionamento do mercado e que será com certeza determinante nos próximos anos no desenho e planeamento de eventos públicos.

Quero com isto dizer que, uma nova lógica de sustentabilidade associada aos festivais, onde práticas e políticas são aplicadas diretamente e contribuem ativamente para a mudança de comportamento das organizações e do público, como a atenção aos riscos de incêndio, investimentos em tratamento de águas residuais e a redução de resíduos e plásticos utilizados, serão elementos fundamentais para escolhas do consumidor que olhará para a construção de uma lógica de segurança ecológica em espaços de lazer como fator determinante para opção de compra de bilhetes.

Estamos perante uma mudança de comportamento dos frequentadores de festivais, onde a sustentabilidade é uma premissa para que os eventos possam responder aos valores ambientais dos seus públicos e das comunidades.E, na minha opinião, estamos no caminho certo.

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