«Sempre gostei do Rubens Júnior»

2 mar 2001, 15:08

Saiu por «meter o pé na poça»

Fernando Santos estava embalado, como se concordasse, inconscientemente, que os jornalistas mereciam ser compensados devido ao seu longuíssimo silêncio. As perguntas sucediam-se. O treinador limitava-se a responder, mantendo a tranquilidade, arriscando um sorriso ou uma piada avulsa. «Reforços em Março? Gostava apenas de ver a equipa jogar mais tempo bem», frisava. E ria. Da mesma forma com que despachava o tema Rubens Júnior com uma teoria antiga. «Costumo dizer aos meus jogadores para me contarem se meterem o pé na poça. É normal que o façam, não pode é ser sempre. É importante que o treinador saiba, pois uma atitude desse tipo pode prejudicar o colectivo». O que se passou foi que «o F.C. Porto SAD levantou um inquérito a três atletas e um deles tomou uma determinada atitude. Vocês sabem que eu sempre gostei do Rubens Júnior e penso que o presidente já explicou essa situação». 

Falava-se agora do estranho resgate de Folha ao Standard de Liege, depois de uma saída das Antas que chegou a parecer dispensa. «Não o dispensei», garante, «saiu por iniciativa própria». Fernando Santos permanecia mais afável que nunca. «E o Pizzi?», pulava da plateia com tom de provocação. «Veio para o F.C. Porto ainda a recuperar de uma lesão no joelho, mas admito que agora já possa estar melhor e a marcar golos num futebol diferente». Terá sido um erro contratá-lo? «Sabiamos que tinha sido operado, mas entendemos que poderia integrar-se sem problemas». Para fazer esquecer Jardel, o goleador que, como refere, pode ter originado um pouco da tal instabilidade de que se fala. «Devemos lembrar-nos que ele foi vendido na véspera da viagem para Spa». Para um estágio que, de resto, não contou com alguns dos futebolistas mais importantes do plantel. «Muitos não fizeram a pré-época e foram chegando a conta-gotas. Tudo isto fez com que o planeamento da temporada não fosse o melhor». 

Estava a terminar. Fernando Santos respirava fundo. Os jornalistas também, aliviando a pressão exercida na caneta e premindo a tecla stop dos gravadores. «O me comportamento é igual desde que cheguei», jurava o treinador quando lhe sugeriam conversas mais assíduas. E voltava a gargalhar, deixando, pelo menos uma esperança. «Só não me peçam para ter o mesmo comportamento com os jornalistas que tinha na Amadora. Isso não é possível». Só se pede que... fale.

Patrocinados