O Maisfutebol ouviu um ex-treinador, um ex-colega de equipa e um sociólogo para analisar a nova vida do Mustang. «É o melhor extremo do FC Porto»
Metamorfose. Transformação. Ninguém sabe bem onde começou. Todos são capazes de identificá-la.Pista número um:
Pista número dois:
Pista número três:
«Nesse jogo, o Quaresma ganhou os seis duelos individuais que teve. E agora frente ao Estoril foi o melhor em campo. Partiu tudo»
Ricardo Quaresma recebeu nota máxima (cinco) e encabeça a nossa equipa da semana
NÚMEROS DE QUARESMA NO FC PORTO
2004/05: 44 jogos (31 titular)/7 golos, 2911 minutos
2005/06: 39 jogos (34 titular)/5 golos, 2799 minutos
2006/07: 36 jogos (36 titular)/8 golos, 3043 minutos
2007/08: 39 jogos (37 titular)/11 golos, 3401 minutos
…
2013/14: 24 jogos (22 titular)/9 jogos, 1904 minutos
2014/15: 35 jogos (20 titular)/7 golos, 1945 minutos *
* época a decorrer
Especialista na observação e análise de comportamentos, João Nuno Coelho deixa mais uma ideia sobre o novo Quaresma.
«Pela primeira vez na carreira, o Ricardo não sente necessidade de ser o prodígio da equipa. Conseguiram convencê-lo de que chegou o momento de ser só mais um»
Ora, não quer isto dizer que Ricardo Quaresma não continue a ser capaz de resolver jogos. As exibições recentes mostram precisamente o oposto, de resto.
O que difere é o posicionamento e a reação do atleta perante o plantel e as escolhas – sempre discutíveis no futebol – do treinador.
Terá o processo de mutação comportamental arrancado com a reprimenda de Julen Lopetegui em Lille?
Recordemos: Quaresma entrou a dois minutos do fim, não mostrou a melhor atitude em campo e Lopetegui não gostou. Publicamente, a questão foi sempre tratada com pinças, mas o Mustang deixou, por exemplo, de envergar a braçadeira de capitão
«Houve, de facto, uma abordagem diferente no tratamento do suposto caso»
Ora, nessa temporada de 2006/2007, Carlos Azenha
«Não vale a pena esconder, o Ricardo era irreverente. Mas atenção: trabalhou sempre muito e bem. Todos os futebolistas são egoístas, o Ricardo era assim, mas soubemos tirar partido dessa irreverência e egoísmo. Teve um rendimento espantoso connosco, o Jesualdo sabia lidar com ele»
André Castro
«A ideia que se criou dele é injusta. Sempre foi um colega excelente no balneário. Irreverente, excêntrico, sim, mas excelente amigo e exemplar a trabalhar. Eu era um dos mais novos e ajudou-me sempre»
Confrontado com o rendimento de Quaresma na época 2014/15, Castro percebe o «aumento da maturidade e consistência»
Azenha aproveita para recordar connosco uma conversa especial com Quaresma antes de um Benfica-FC Porto: «disse-lhe que o David Luiz caía muito para as costas do lateral e que o jogo ia ser resolvido com um movimento do Ricardo de fora para dentro. Vencemos 0-1 e o golo dele foi precisamente assim. É um jogador inteligente, sabe ouvir também»
O golo de Quaresma no Benfica-FC Porto, 0-1:
Carlos Azenha vê um Quaresma «mais consciente em campo»
O ex-treinador de FC Porto, V. Setúbal e Portimonense concretiza a sentença.
«O Tello é um extremo de velocidade, retilíneo; o Brahimi é ótimo no drible, mas todos os movimentos que faz são para o meio, à procura do remate ou da tabela; o Quaresma reúne todos os predicados: dribla, ainda é rápido, vai para fora, procura o meio e é o único que insiste no cruzamento para o ponta-de-lança. Para o Jackson é muito mais fácil ter um extremo como o Quaresma»
Carlos Azenha, André Castro e João Nuno Coelho estão de acordo noutro aspeto.
«A capacidade técnica de Quaresma podia tê-lo colocado no topo do mundo, a ganhar Bolas de Ouro»
A metamorfose está em decurso. E o Bayern está a chegar.