Manuel Lampreia é algarvio e um verdadeiro malabarista da bola. Benfiquista, afirma que no plantel de Jesus «só Luisão» lhe poderá fazer frente
Quem frequenta a praia de Quarteira, já deve ter reparado na habilidade de um homem que quando começa a dar toques numa bola de futebol, nunca mais para. Seja com os pés ou com a cabeça, Manuel José Lampreia, 51 anos e empregado num hotel em Vilamoura, atrai a atenção dos veraneantes, com os malabarismos que faz com a bola.Com os pés, costuma dar cerca de 10 mil toques, e com a cabeça tem como recorde 21 mil. No próximo sábado (17h) vai andar pelas ruas de Quarteira, percorrendo mais de 12 km com a bola no ar. Benfiquista, no atual plantel às ordens de Jorge Jesus, Manuel Lampreia só distingue Luisão com capacidade para lhe dar luta, a dar toques de cabeça.
E desafia Cristiano Ronaldo para, lado a lado, darem 20 mil toques.
«Há mais de 10 anos, no verão e ao cair da tarde, fiquei com o nadador-salvador da Praia do Guilherme (Quarteira), e estava um dia propício para dar toques, sem sol nem vento. Comecei a brincar e assim que coloquei a bola no ar… fui até Vale do Lobo!»
Manuel Lampreia a caminho do Guinness?
A habilidade e a distância percorrida, cerca de 2 kms, despertou curiosidade:
No próximo sábado, Manuel Lampreia terá um novo desafio: vai percorrer mais de 12 kms pelas ruas de Quarteira a dar toques de cabeça. A distância será similar à que separa Quarteira de Loulé, porque, inicialmente, era isso que estava projetado ser feito, mas teve que ser anulado por causa do policiamento e do trânsito.
Serão mais de 2 horas com a bola sempre no ar:
Lampreia nos iniciados do Quarteirense (2º da direita, em baixo)
Manuel Lampreia prefere dar toques em andamento, e tem como record 21 mil, dados em 2010, num parque aquático. Foram 3h33m seguidas sem deixar cair a bola, com o próprio a efetuar a contagem: «Ao contar os toques estou concentrado no que estou a fazer e não me distraio com o que dizem» , justifica, indicando ainda duas premissas para não falhar: «Descansar bem é importante, tal como a alimentação. Como muita fruta e bebo muita água» .
A subida da Mãe Soberana em Loulé, é um dos locais preferidos para treinar. «Aquilo cansa, mas é viciante. Quando vou treinar faço, no mínimo, 8 a 10 voltas» , observou, olhando para a rampa ingreme de 300 metros, e em pedra solta.
«No verão está muito sol e não dá para jogar com a cabeça. Mas dou 5 mil ou 10 mil toques com os pés. Mas não é tão viciante, porque é muito fácil. Por isso, prefiro brincar com mais dois amigos na praia, o Negrete e o Joaquim Russo, que jogou no Farense. Com eles, a bola não cai! O Joaquim Russo tem 63 anos, é todo malabarista, e as pessoas perguntam-lhe sempre se ele é jogador»
A glória máxima na Luz antes do Benfica-Barcelona
Manuel Lampreia já atuou no intervalo de alguns jogos do Olhanense e do Portimonense, mas a maior glória teve quando subiu ao relvado do Estádio da Luz, no dia 28 de março 2006, antes do Benfica.Barcelona, para a Liga do Campeões, onde deu 12 640 toques, com a cabeça. «Até a águia treme quando me vir», referiu à reportagem da RTP, antes de começar.
Mas não foi só a águia que tremeu, porque vários jogadores do Barça ficaram de boca aberta a apreciar as habilidades de Lampreia.
«Adorei ir ao Estádio da Luz porque sou “vermelho”, e porque estava num ambiente de pessoas que gostam de futebol. Correu bem, foi excelente. Entrei numa baliza com a bola e a claque do barça atrás a bater palmas. Gostaria de lá voltar. Para mim, aquilo é um mundo!» , recorda ao Maisfutebol .
Benfiquista, Manuel Lampreia conhece bem o plantel encarnado, e só encontra um jogador que lhe poderá fazer frente a dar toques de cabeça com a bola: «Gostava de jogar contra o Luisão, devido à testa propícia para isso, que ele tem! O girafa, com aquela testa, consegue dar muitos toques. No plantel do Benfica é o único que poderá apostar comigo. O Luisão é muito bom jogador e gosta do Benfica. Quando acabar de jogar, deveria ficar no clube» , elogia.
Gostava de desafiar Cristiano Ronaldo: «Salário contra salário»
Manuel Lampreia admira os malabaristas com a bola, por isso, gostava de jogar com os melhores, como Cristiano Ronaldo: «Gostava de desafia-lo salário contra salário, até aos 20 mil toques. Se ganhasse era bom, se perdesse acho que ele não ia ganhar muito dinheiro comigo» , lançou.
«Ele é muito bom em freestyle. Aí, não sou muito forte, sei fazer cinco ou seis exercícios, mas com a bola no ar sou o melhor. E é mais difícil, principalmente em movimento. Mas assim o trabalho brilha mais, prefiro dar 6 mil toques a andar, do que 10 mil parado. Até porque parado, se alguém chegar depois, não sabe que já estou farto de suar»
Inscrever o nome no Guinness World Records é outro dos sonhos de Manuel Lampreia, mas que está difícil de concretizar, devido aos elevados custos, e à mentalidade portuguesa. Mentalidade que também já o inibiu de desafiar John Terry, em plena Marina de Vilamoura.
«Um dia fui treinar para a Marina de Vilamoura, e estava lá o John Terry. Um amigo meu que trabalha lá num restaurante perguntou-me logo se queria que falasse com ele para fazer um desafio. Mas achei que não, porque ele estava de férias com a família e queria era descansar, estava-se marimbando para isso. “Isto é trabalho para malucos”, disse ao meu amigo, que disse-me para não pensar assim, porque apesar disto não ser valorizado em Portugal, se fosse americano… e dou-lhe razão no que disse, porque não estamos habituados a estas coisas.» , lamentou.
Entre as inúmeras histórias que tem para contar, Manuel lampreia destaca mais uma.
«Há alguns anos estava a trabalhar no hotel e apareceram por lá o Romeu, que foi jogador do FC Porto e do Vitória Guimarães, e o Pedro Paulo, do Marítimo, e que, infelizmente, já faleceu. Entrava às 16:30h e na manhã um colega meu disse-lhes que tinham lá um rapaz que era um terror com a bola: “estás a dar-me música, ó Fernando”, respondeu-lhe o Romeu, que assim que cheguei, chegou-se ao pé de mim, e disse-me: “é verdade o que o Fernando diz? Podes dar 500 toques para vermos?” – “Pois acho que é verdade, tenho jeito para estas coisinhas”, respondi-lhe. Tinha por lá uma bola de borracha e metia-a no ar, dei 510, e disse-lhe: “10 é oferta da casa!”. Ele estava espantado a olhar para mim, e depois disse-me: “tu, contra o plantel todo do FC Porto, ganhavas de certeza! És um monstro a fazer isto! Eu, que sou profissional, se der 15, já é muito!”»