21 mil toques na bola com a cabeça: «Desafio o Ronaldo»

8 abr 2015, 10:10
Manuel Lampreia

Manuel Lampreia é algarvio e um verdadeiro malabarista da bola. Benfiquista, afirma que no plantel de Jesus «só Luisão» lhe poderá fazer frente

Quem frequenta a praia de Quarteira, já deve ter reparado na habilidade de um homem que quando começa a dar toques numa bola de futebol, nunca mais para. Seja com os pés ou com a cabeça, Manuel José Lampreia, 51 anos e empregado num hotel em Vilamoura, atrai a atenção dos veraneantes, com os malabarismos que faz com a bola.

Com os pés, costuma dar cerca de 10 mil toques, e com a cabeça tem como recorde 21 mil. No próximo sábado (17h) vai andar pelas ruas de Quarteira, percorrendo mais de 12 km com a bola no ar. Benfiquista, no atual plantel às ordens de Jorge Jesus, Manuel Lampreia só distingue Luisão com capacidade para lhe dar luta, a dar toques de cabeça.

E desafia Cristiano Ronaldo para, lado a lado, darem 20 mil toques.

«Há mais de 10 anos, no verão e ao cair da tarde, fiquei com o nadador-salvador da Praia do Guilherme (Quarteira), e estava um dia propício para dar toques, sem sol nem vento. Comecei a brincar e assim que coloquei a bola no ar… fui até Vale do Lobo!»
, recorda Manuel Lampreia, como tudo começou.
 

Manuel Lampreia a caminho do Guinness?

A habilidade e a distância percorrida, cerca de 2 kms, despertou curiosidade:
«Nunca tinha feito aquele trabalho, e as pessoas que estavam na praia estavam curiosas, e pediam-me para mexer na bola, para ver se era falsa, porque não acreditavam no que acabaram de ver», prosseguiu.

«Um professor de Loulé, que se chama Paulo, viu e pesquisou na internet sobre esta arte, e depois telefonou-me a dizer que não tinha encontrado nada parecido. Falei com o Amílcar, que foi meu treinador no Quarteirense, e ele disse-me que não lhe estava a dar nenhuma novidade, porque quando eu tinha 14 anos dava 3000 toques com os pés, nos treinos», continua Manuel Lampreia, que jogou futebol desde os iniciados até aos juniores, no Quarteirense e no Almancilense.

«Isto é daquelas coisas que não se aprende, nasce connosco. Sempre tive aquela precisão com os pés. Ainda na semana passada, na praia e na brincadeira, dei 3000 com os pés e 500 com a cabeça»
, acrescentou.

12 quilómetros a fazer malabarismos com a bola

No próximo sábado, Manuel Lampreia terá um novo desafio: vai percorrer mais de 12 kms pelas ruas de Quarteira a dar toques de cabeça. A distância será similar à que separa Quarteira de Loulé, porque, inicialmente, era isso que estava projetado ser feito, mas teve que ser anulado por causa do policiamento e do trânsito.

Serão mais de 2 horas com a bola sempre no ar:
«Quero fazer com uma oficial, é mais pesada e controla-se melhor em dias de vento. Mas é mais difícil, cansa mais do que uma bola de vólei. O objetivo é não cansar os músculos (do pescoço), que têm que estar bem, porque senão torna-se complicado», projeta.
 

Lampreia nos iniciados do Quarteirense (2º da direita, em baixo)

Manuel Lampreia prefere dar toques em andamento, e tem como record 21 mil, dados em 2010, num parque aquático. Foram 3h33m seguidas sem deixar cair a bola, com o próprio a efetuar a contagem: «Ao contar os toques estou concentrado no que estou a fazer e não me distraio com o que dizem»
, justifica, indicando ainda duas premissas para não falhar: «Descansar bem é importante, tal como a alimentação. Como muita fruta e bebo muita água»
.

A subida da Mãe Soberana em Loulé, é um dos locais preferidos para treinar. «Aquilo cansa, mas é viciante. Quando vou treinar faço, no mínimo, 8 a 10 voltas»
, observou, olhando para a rampa ingreme de 300 metros, e em pedra solta.

«No verão está muito sol e não dá para jogar com a cabeça. Mas dou 5 mil ou 10 mil toques com os pés. Mas não é tão viciante, porque é muito fácil. Por isso, prefiro brincar com mais dois amigos na praia, o Negrete e o Joaquim Russo, que jogou no Farense. Com eles, a bola não cai! O Joaquim Russo tem 63 anos, é todo malabarista, e as pessoas perguntam-lhe sempre se ele é jogador»
, continuou.

A glória máxima na Luz antes do Benfica-Barcelona


Manuel Lampreia já atuou no intervalo de alguns jogos do Olhanense e do Portimonense, mas a maior glória teve quando subiu ao relvado do Estádio da Luz, no dia 28 de março 2006, antes do Benfica.Barcelona, para a Liga do Campeões, onde deu 12 640 toques, com a cabeça. «Até a águia treme quando me vir», referiu à reportagem da RTP, antes de começar.

Mas não foi só a águia que tremeu, porque vários jogadores do Barça ficaram de boca aberta a apreciar as habilidades de Lampreia.

«Adorei ir ao Estádio da Luz porque sou “vermelho”, e porque estava num ambiente de pessoas que gostam de futebol. Correu bem, foi excelente. Entrei numa baliza com a bola e a claque do barça atrás a bater palmas. Gostaria de lá voltar. Para mim, aquilo é um mundo!»
, recorda ao Maisfutebol
.


Benfiquista, Manuel Lampreia conhece bem o plantel encarnado, e só encontra um jogador que lhe poderá fazer frente a dar toques de cabeça com a bola: «Gostava de jogar contra o Luisão, devido à testa propícia para isso, que ele tem! O girafa, com aquela testa, consegue dar muitos toques. No plantel do Benfica é o único que poderá apostar comigo. O Luisão é muito bom jogador e gosta do Benfica. Quando acabar de jogar, deveria ficar no clube»
, elogia.

Gostava de desafiar Cristiano Ronaldo: «Salário contra salário»


Manuel Lampreia admira os malabaristas com a bola, por isso, gostava de jogar com os melhores, como Cristiano Ronaldo: «Gostava de desafia-lo salário contra salário, até aos 20 mil toques. Se ganhasse era bom, se perdesse acho que ele não ia ganhar muito dinheiro comigo»
, lançou.

«Ele é muito bom em freestyle. Aí, não sou muito forte, sei fazer cinco ou seis exercícios, mas com a bola no ar sou o melhor. E é mais difícil, principalmente em movimento. Mas assim o trabalho brilha mais, prefiro dar 6 mil toques a andar, do que 10 mil parado. Até porque parado, se alguém chegar depois, não sabe que já estou farto de suar»
, adicionou.

Inscrever o nome no Guinness World Records é outro dos sonhos de Manuel Lampreia, mas que está difícil de concretizar, devido aos elevados custos, e à mentalidade portuguesa. Mentalidade que também já o inibiu de desafiar John Terry, em plena Marina de Vilamoura.

«Um dia fui treinar para a Marina de Vilamoura, e estava lá o John Terry. Um amigo meu que trabalha lá num restaurante perguntou-me logo se queria que falasse com ele para fazer um desafio. Mas achei que não, porque ele estava de férias com a família e queria era descansar, estava-se marimbando para isso. “Isto é trabalho para malucos”, disse ao meu amigo, que disse-me para não pensar assim, porque apesar disto não ser valorizado em Portugal, se fosse americano… e dou-lhe razão no que disse, porque não estamos habituados a estas coisas.»
, lamentou.

Entre as inúmeras histórias que tem para contar, Manuel lampreia destaca mais uma.

«Há alguns anos estava a trabalhar no hotel e apareceram por lá o Romeu, que foi jogador do FC Porto e do Vitória Guimarães, e o Pedro Paulo, do Marítimo, e que, infelizmente, já faleceu. Entrava às 16:30h e na manhã um colega meu disse-lhes que tinham lá um rapaz que era um terror com a bola: “estás a dar-me música, ó Fernando”, respondeu-lhe o Romeu, que assim que cheguei, chegou-se ao pé de mim, e disse-me: “é verdade o que o Fernando diz? Podes dar 500 toques para vermos?” – “Pois acho que é verdade, tenho jeito para estas coisinhas”, respondi-lhe. Tinha por lá uma bola de borracha e metia-a no ar, dei 510, e disse-lhe: “10 é oferta da casa!”. Ele estava espantado a olhar para mim, e depois disse-me: “tu, contra o plantel todo do FC Porto, ganhavas de certeza! És um monstro a fazer isto! Eu, que sou profissional, se der 15, já é muito!”»
, relembra Manuel Lampreia, que daqui a uns anos deseja que essas memórias também passem por um desafio que tenha feito com Cristiano Ronaldo.
 

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