Grupo de e-commerce da Coreia do Sul vai comprar a Farfetch

ECO - Parceiro CNN Portugal , Patrícia Abreu; notícia atualizada às 16:01
18 dez 2023, 15:04
Farfetch (Rafael Henrique/Getty Images)

A empresa indica que a aquisição dá acesso a um financiamento de 500 milhões de dólares à Farfetch.

O grupo de e-commerce sul-coreano Coupang anunciou uma oferta de aquisição pelos ativos e negócio da Farfetch, a empresa de bens de luxo online criada pelo português José Neves, impedindo a companhia de entrar em insolvência.

A oferta é realizada por um consórcio formado pela Coupang e fundos da Greenoaks, através de uma joint-venture criada para o efeito, a Athena Topco. A empresa sul-coreana ficarácom 80,1% e a Greenoaks com os restantes 19,9%.

O acordo garante que a empresa luso-britânica vai receber uma linha de liquidez de 500 milhões de dólares para que a companhia possa continuar a operar normalmente, um empréstimo que terá um juro de 12,5% associado. O acordo prevê ainda um acordo com os detentores de 80% da dívida Farfetch no valor de 600 milhões de dólares, adianta o comunicado enviado ao regulador do mercado norte-americano.

“Este empréstimo fortalece o nosso balanço e assegura que os clientes da Farfetch, as lojas e as marcas não vão ser afetadas pela transação”, escreve o empresário e fundador da empresa José Neves, numa declaração aos trabalhadores.

O acordo com o Coupang garante que “o negócio da Farfetch pode continuar a operar com nova propriedade privada, um balanço mais forte e uma posição de liquidez reforçada”, acrescenta José Neves, adiantando que a empresa tem estado a tentar fechar um acordo que lhes permitisse preservar o maior valor possível para os funcionários, clientes e parceiros. De fora parecem ficar os investidores da empresa.

No mesmo comunicado enviado a todos “farfetchers”, José Neves acrescenta que, na sequência do rumo das negociações, os acionistas, incluindo funcionários com ações, “não realizarão nenhum valor das suas participações adquiridas e não adquiridas”.

Nas últimas semanas já foi avançado que a entrada de um investidor privado poderia significar a saída da Farfetch de bolsa. A empresa de bens de luxo estreou-se na Bolsa de Valores de Nova Iorque em setembro de 2018, com as ações no IPO a serem vendidas a 20 dólares. Atualmente, os títulos estão a cotar nos 0,64 dólares.

“A Farfetch irá dedicar-se novamente a fornecer a experiência mais elevada para as marcas mais exclusivas do mundo, ao mesmo tempo que procura um crescimento constante e ponderado como empresa privada. Também vemos enormes oportunidades para redefinir a experiência do cliente para clientes de luxo em todo o mundo”, destaca Bom Kim, Founder e CEO da Coupang, em comunicado. Também José Neves realça que “o histórico comprovado e a profunda experiência da Coupang em revolucionar o comércio vão permitir-nos oferecer um serviço excecional para as nossas marcas e boutiques parceiras, bem como para os nossos milhões de clientes em todo o mundo“, mostrando-se entusiasmado para começar a trabalhar com o grupo da Coreia do Sul.

Uma notícia avançada esta manhã pelo The Sunday Times já adiantava que a Farfetch estava a tentar fechar um acordo de “resgate” antes do Natal para evitar a insolvência.

O marketplace fundado em 2008, que tem sede fiscal na Ilha de Man, tem estado sob pressão dos mercados nas últimas semanas, depois de ter adiado a apresentação de resultados do terceiro trimestre, prevista para 29 de novembro. Na semana passada, a agência de rating Moody’s baixou ainda mais a classificação de crédito da empresa para território de “lixo” e colocou-a em revisão para um novo corte, citando a deterioração da sua posição financeira.

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