Farfetch avança com saída de bolsa e administração demite-se

ECO - Parceiro CNN Portugal , Luís Leitão
18 dez 2023, 18:11
Farfetch (Rafael Henrique/Getty Images)

No seguimento do acordo firmado com os sul coreanos da Coupang para salvar a Farfetch, todos os membros da administração apresentaram a sua demissão, com exceção de José Neves

A disponibilização de uma linha de crédito de 500 milhões de euros à Farfetch pelos sul coreanos da Coupang e por um conjunto de fundos associados ao venture capital Greenoaks levou à demissão de toda a administração da empresa de e-commerce de bens de luxo, com exceção de José Neves.

“A demissão dos diretores independentes não resulta de qualquer desacordo com a Farfetch Limited ou com as suas operações, políticas ou prática”, refere a empresa em comunicado, sublinhando que, com estas demissões, a administração da empresa será composta unicamente por José Neves.

A Farfetch revela que, recentemente, a empresa esteve envolvida num “processo exaustivo e alargado para garantir liquidez adicional à Farfetch Limited e às suas filiais”, dado que, “sem essa liquidez, a Farfetch Limited e as suas filiais não teriam podido manter-se em atividade.”
No seguimento dessa tentativa, “o Conselho de Administração lamenta que o processo não tenha conduzido a uma solução que garanta que a Farfetch Limited, a entidade cotada na bolsa, continue a ser uma empresa em atividade”, lê-se no comunicado da empresa.

Porém, “o Conselho de Administração congratula-se com o facto de a Farfetch Holdings ter conseguido assegurar uma solução que garante a continuidade das suas atividades e que continuará a servir a rede de marcas, boutiques e consumidores que dependem diariamente da Farfetch Marketplace.”

No seguimento desta operação de salvação da empresa, que retirará a empresa de bolsa, a Farfetch revela ainda que o banco norte-americano JPMorgan Chase & Co. irá gerir um processo de comercialização de todos os ativos da Farfetch. E na ausência de uma oferta concorrente, “a parceria entre a Coupang e a Greenoaks assumirá o controlo da Farfetch” através de um processo rápido utilizado para facilitar a venda dos ativos de uma empresa insolvente.

O acordo tornado público esta segunda-feira é apoiado por um grupo de credores da Farfetch que detém mais de 80% dos 600 milhões de dólares de empréstimos da empresa, que estão atualmente cotados com um desconto de cerca de 22% em relação ao seu valor nominal, de acordo com um documento citado pela Bloomberg.

O acordo firmado com os novos donos da Farfetch levou também ao fim do acordo com a Richemont, que previa a aquisição por parte da empresa de José Neves de 47,5% da Yoox-Net-A-Porter (YNAP), a adoção das soluções da plataforma da Farfetch pela YNAP e pelas Richemont Maisons, e o lançamento das concessões eletrónicas da Richemont Maison no marketplace da Farfetch.

Os termos do contrato celebrado entre a Farfetch e a Coupang (através do seu fundo Athena Topco) e a Greenoaks Capital estão sujeitos a um período de exclusividade até 30 de abril de 2024. Além disso, caso a Farfetch ou a Athena Topco “anunciarem, celebrarem ou consumarem uma transação concorrente com um terceiro antes do termo do período de exclusividade, a Farfetch pagará uma taxa única de rescisão de 20 milhões de dólares à Athena Topco no prazo de dois dias úteis após ter anunciado, celebrado ou consumado essa transação concorrente”

As ações da Farfetch chegaram a negociar esta segunda-feira em pre-market com uma desvalorização acima dos 40%. Pouco antes da abertura da sessão, os títulos foram suspensos de negociação, estando assim até agora.

A queda de um unicórnio

Desde a suspensão da apresentação das contas do último trimestre, a 29 de novembro, as ações da Farfetch desvalorizaram 70% até sexta-feira passada.


 

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