Factos Primeiro. Quanto subiram os salários desde que António Costa lidera o Governo? Subiram, mas não tanto

12 dez 2023, 23:07
António Costa no debate quinzenal (LUSA/ANTÓNIO COTRIM)

Em entrevista à TVI e à CNN Portugal, o líder do Governo disse que o salário mínimo nacional subiu 72% e o salário médio 40%

O primeiro-ministro, António Costa, garantiu esta segunda-feira em entrevista à TVI e à CNN Portugal que, desde que é líder do Governo, o salário mínimo subiu 72% e o salário médio subiu 40%. As afirmações de António Costa foram feitas quando justificava que a subida da carga fiscal em Portugal resultava da subida das contribuições para a Segurança Social e que estas, por sua vez, resultavam de existirem mais pessoas a descontar e pelo facto de o salário mínimo e de o salário médio terem aumentado substancialmente.

António Costa não especificou a fonte dos números que utilizou, mas em ambas as situações os valores parecem não bater certo. Quando António Costa chegou a líder do Governo em 2015, o salário mínimo nacional era de 505 euros. A partir de janeiro será de 820 euros, logo um aumento ligeiramente superior a 62% e não aos 72% referidos por António Costa.

Recorde-se que no âmbito do acordo de rendimentos que o Governo estabeleceu com os parceiros sociais, o salário mínimo deveria chegar aos 900 euros em 2026. Se tal vier a acontecer, o crescimento atingirá 78% face aos 505 euros praticados em 2015. Recorde-se ainda que em 2015 estes 505 euros já resultavam de um aumento do salário mínimo em 20 euros, depois de ter estado congelado desde 2011, após a chegada da troika ao país.

Quanto à subida do salário médio, os dados anunciados pelo primeiro-ministro mais uma vez não parecem bater certo. António Costa não indicou a fonte dos dados, mas olhando para a informação disponível do Instituto Nacional de Estatística (INE) e da própria Segurança Social, o aumento existe mas numa magnitude diferente.

Olhando para os dados do INE de setembro, os últimos disponíveis, e tendo em conta a remuneração bruta mensal média por trabalhador, - que engloba, por exemplo, o pagamento de bónus, de subsídio de férias ou de trabalho suplementar -, esta remuneração era de 1.438 euros. Recuando oito anos, até setembro de 2015, verifica-se que o valor era de 1.141 euros, ou seja, um aumento de 26% e não de 40% como referido por António Costa.

Olhando para os dados da Segurança Social, os 40% também não são atingidos. Em setembro deste ano, o salário médio declarado pelas empresas e sobre os quais fazem descontos era de 1.310,83 euros e em setembro de 2015 era de 1.004,91 euros, ou seja, um aumento ligeiramente acima dos 30%.

Aliás, em outubro, numa anterior entrevista à TVI e à CNN Portugal, o líder do Governo referia que o aumento do salário médio ao longo da legislatura seria de 31%, dados que batiam certo com os da Segurança Social, mas ficavam acima do que era possível verificar com os dados divulgados pelo INE.

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