Saldo orçamental foi de 7,7% do PIB no terceiro trimestre, atingindo um máximo da série estatística. No acumulado do ano já vai em 3,3%. Estimativa de Medina é de um excedente de 0,8% em 2023
O excedente orçamental nos primeiros nove meses do ano fixou-se em 3,3% do PIB, de acordo com os dados das contas nacionais divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) esta sexta-feira. A meta do Governo demissionário é de um excedente de 0,8% em 2023. Já olhando apenas para o terceiro trimestre, o saldo orçamental foi de 7,7% do PIB — atingindo um valor recorde de 5.236 milhões de euros.
“Considerando valores para o conjunto dos três trimestres de 2023, o saldo das Administrações Públicas foi positivo, representando 3,3% do PIB, registando-se uma melhoria deste indicador face a igual período de 2022 (2,6% do PIB)”, indica o INE.
A receita fiscal e as contribuições sociais deram um impulso aos cofres do Estado, enquanto do lado da despesa “salientam-se os aumentos percentuais dos encargos com juros (22,1%) e da despesa de capital (23,2%)”.
O INE disponibiliza também os valores trimestrais, que mostram que “o saldo das AP no terceiro trimestre de 2023 atingiu 5.235,9 milhões de euros, correspondendo a 7,7% do PIB, o que compara com 6,6% no período homólogo”. Este valor é um recorde da série estatística, que começou em 1999.
As contas públicas encaminham-se assim para um saldo orçamental positivo no final do ano. Fernando Medina inscreveu a previsão de um excedente de 0,8% em 2023, o mais alto em democracia (que compara com o excedente de 0,1% alcançado por Mário Centeno). E o Banco de Portugal prevê mesmo que o excedente poderá ser mais alto, sendo que as projeções do boletim económico de dezembro apontam para um saldo orçamental de 1,1% este ano.
Taxa de poupança das famílias aumenta para 6,6% no terceiro trimestre
A taxa de poupança das famílias subiu para 6,6% no terceiro trimestre do ano, refletindo um aumento do rendimento disponível bruto superior ao do consumo privado, segundo dados divulgados esta sexta-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE). De acordo com as Contas Nacionais Trimestrais por Setor Institucional, o rendimento disponível bruto das famílias (RDB) aumentou 1,9% face ao segundo trimestre, com crescimentos de 2,3% e 0,6% das remunerações e do valor acrescentado bruto, respetivamente.
Já a despesa de consumo final aumentou 1,1% no trimestre em análise, ou seja, menos do que o RDB, causando o aumento da taxa de poupança para 6,6%, que compara com um aumento de 5,8% no trimestre anterior. Isto levou a uma capacidade de financiamento de 1,1% do Produto Interno Bruto (PIB), que tinha sido de 0,6% do PIB no trimestre anterior.
Em termos reais, o RDB ajustado ‘per capita’ (por pessoa) das famílias aumentou 0,7% no terceiro trimestre deste ano.