Pequim condena acusação "ilegal" de Washington contra quatro empresas chinesas por tráfico de fentanil

Agência Lusa , ARC
24 jun 2023, 18:11
Estados Unidos e China (Kiichiro Sato/AP)

"Esta medida é totalmente ilegal e viola gravemente os direitos fundamentais dos cidadãos e das empresas chinesas. A China condena-o veementemente", afirma o Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês

Pequim condenou este sábado "veementemente" a decisão "ilegal" das autoridades norte-americanas de acusar quatro empresas chinesas e oito dos seus funcionários de levarem para os EUA os componentes necessários para o fabrico de fentanil, droga altamente viciante.

Dois dos oito empregados foram detidos no Havai e colocados sob custódia no âmbito de uma ação penal sem precedentes, anunciada na sexta-feira pelo Departamento de Justiça dos Estados Unidos (DoJ).

"Este é um exemplo típico de detenção arbitrária e de sanções unilaterais", reagiu este sábado o Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês num comunicado.

"Esta medida é totalmente ilegal e viola gravemente os direitos fundamentais dos cidadãos e das empresas chinesas. A China condena-o veementemente", continuou o ministério.

De acordo com o DoJ, a Amarvel Biotech, uma das empresas chinesas visadas, é acusada de, sozinha, ter introduzido nos Estados Unidos mais de 200 quilos de precursores químicos "com o objetivo de fabricar mais de 50 quilos de fentanil, suficientes para matar 25 milhões de americanos".

As três outras empresas visadas pelas autoridades americanas são a Anhui Rencheng Technology, a Anhui Moker New Material Technology e a Hefei GSK Trade.

Estas acusações "comprometem profundamente o estabelecimento da cooperação antidroga entre a China e os Estados Unidos", afirmou o ministério chinês.

Os Estados Unidos intensificaram recentemente os seus esforços para travar a propagação das drogas sintéticas, responsáveis por centenas de milhares de mortes no seu território durante a última década.

Em particular, Washington está a visar empresas sediadas na China suspeitas de enviar componentes de fentanil para o México, a principal fonte de drogas sintéticas vendidas nos Estados Unidos.

Durante uma visita a Pequim esta semana, o secretário de Estado norte-americano, Anthony Blinken, discutiu a questão com os dirigentes chineses.

O fentanil, um opiáceo sintético 50 vezes mais forte que a heroína, é atualmente a principal causa de morte dos cidadãos norte-americanos com idades entre os 18 e os 49 anos.

A China proibiu as exportações de fentanil para os Estados Unidos em 2019, uma decisão saudada pelo Governo do então Presidente norte-americano, o Republicano Donald Trump.

Mas, segundo os especialistas, o país continuou a fornecer os precursores químicos do fentanil, sobretudo ao México e à América Central, onde cartéis produzem a droga antes de a exportarem para os Estados Unidos.

Pequim negou no passado qualquer responsabilidade na crise de sobredoses de fentanil, atribuindo a culpa à sociedade norte-americana e suas empresas farmacêuticas.

Nos Estados Unidos, as mortes relacionadas com sobredoses de opiáceos aumentaram nos últimos anos, passando de 69 mil em 2020 para 81 mil em 2021 e 110 mil em 2022.

Recentemente, Washington tinha já sancionado várias empresas chinesas acusadas de envolvimento no tráfico desta droga.

Também o Presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador, negou que no seu país exista um problema com o fentanil e acusou os Estados Unidos de não fazerem o suficiente para impedir o consumo dentro do seu próprio território.

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