E. Amadora-Gil Vicente, 2-1 (crónica)

3 dez 2000, 17:56

Mau de mais para ser verdade Os dois últimos da I Liga não conseguiram fazer melhor do que trocar de posições. Continuam nos últimos lugares e, a jogar assim, dificilmente de lá sairão. O jogo chegou a ser confrangedor mas, num lapso de bom futebol, Carlos Brito lá conseguiu a sua primeira vitória.

O Estrela da Amadora venceu o Gil Vicente por 2-1 e cedeu a última posição à equipa de Barcelos num encontro mau de mais para ser verdade. As duas equipas fizeram valer o seu estatuto de piores equipas da I Liga e protagonizaram uma péssima exibição ao nível de dois clubes amadores. Uma ofensa para o futebol profissional.  
 
As duas equipas optaram por esquemas tácticos semelhantes - quatro defesas, dois trincos e um meio-campo ofensivo a apoiar um ponta-de-lança - mas atitudes bem distintas. O Estrela mantém-se preso a um sistema rígido que lhe proporciona muito poucas oportunidades de alterar a sua forma de jogar. O Estrela já jogava assim com Quinito e continua da mesma forma com Carlos Brito.  
 
O Gil Vicente chegou à Reboleira decidido a tirar partido das já conhecidas fragilidades do adversário. Apresentou um jogo aberto, que se pretendia fluído mas que se revelou inconsequente.  
 
A primeira parte foi confrangedora. As intenções das duas equipas chocaram a meio-campo e nunca encontraram soluções para fugir ao embate. Durante largos minutos, não se viu outra coisa que não fossem pontapés para a frente: para fora, contra os adversários ou mesmo contra os companheiros. Os jogadores, desorientados, chutavam na direcção para onde estavam virados.  
 
Jorge Cadete foi o primeiro a reagir e a mostrar-se descontente com o futebol praticado. Gritou, esbracejou e exigiu que os seus companheiros jogassem, enfim, futebol. Os seus apelos não trouxeram resultados e o avançado decidiu intervir. Veio ao meio-campo buscar a bola, fugiu à confusão numa «tabelinha» com Lázaro e, quando este procurava fazer o derradeiro passe para o avançado, foi derrubado por Paulo Jorge. Penalty.  
 
Kenedy, em jeito, colocou o Estrela em vantagem. Poucos minutos depois, o Gil também conseguiu chegar ao golo mas o árbitro Carlos Xistra invalidou-o por pretenso fora-de-jogo. Damos o benefício da dúvida, mas o árbitro, que fazia o seu segundo jogo na I Liga, acabaria por ser um infeliz protagonista do encontro. A cada decisão hesitava, decidia e, por muitas vezes, voltava atrás no seu veredicto depois de consultar os seus auxiliares.  
 
O intervalo chegou como um gongo que interrompeu um assalto em que as equipas suaram muito mas raramante tocaram no adversário. A abrir o segundo tempo, Luís Campos, que se estreou na I Liga, fez entrar Jean Pierre para a frente de ataque colocando Pinheiro nas suas costas. A equipa de Barcelos assumiu momentaneamente a condução do jogo e o Estrela ia respondendo esporadicamente, de longe e inconsequentemente.  
 
Parecia não haver solução. O jogo ia mesmo arrastar-se assim até final. Em mais um lance confuso de pontapé para a frente, a bola acaba por sobrar para Bessa que, em dois toques, entra na área e fuzila Luís Vasco. Justiça. As duas equipas jogavam mal, portanto, tinha de dividir-se o prémio (ou o castigo?).  
 
Entretanto, Carlos Brito, com substituições a conta-gotas - primeiro Serginho, depois Gaúcho I e, mais tarde, Semedo - foi conseguindo equilibrar a sua equipa e, ainda que muito tenuamente, o Estrela começou a desenhar um fio de jogo. Muito efémero, mas perceptível.  
 
O Gil estava esgotado e a ascendência do Estrela ganhou novas proporções. As oportunidades criadas por Gaúcho I, Semedo e Serginho sucederam-se e o golo do triunfo acabou por surgir. Uma pérola no meio da confusão que foi o jogo. Simples e eficaz. Primeiro Kenedy, depois Luís Carlos e, a acabar, Gaúcho I. Todos com apenas um toque e sem entrar em confronto com o adversário.  
 
Um lapso de bom futebol que não faz esquecer tudo o resto. Carlos Brito consegue, assim, a primeira vitória no campeonato e, mais do que isso, deixa a incómoda última posição para o Gil Vicente.

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