Fim à vista dos incentivos à mobilidade elétrica?

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22 jun 2023, 11:00

O Estado português prepara-se para retirar do ativo os incentivos atualmente em vigor para a aquisição de automóveis elétricos, pelo que o ano de 2023 poderá colocar ponto final nesses benefícios. Este e outros assuntos para acompanhar na CNN Talks Fórum Automóvel, uma parceria com o Standvirtual, no terceiro encontro onde a evolução e o futuro automóvel em Portugal são tema de uma conversa moderada por Sara Sousa Pinto, com a presença residente de Nuno Castel-Branco, diretor-geral do Standvirtual, Bernardo Villa, CEO da Smart, e de Pedro Cordeiro, COO da BYD.

https://www.standvirtual.com/Análise mensal do mercado automóvel em Portugal

Nuno Castel-Branco faz a habitual análise mensal do mercado automóvel e constata que Portugal registou um aumento de 51% na venda de veículos novos face ao mesmo período de 2022. Crescimento impressionante que decorre essencialmente da tendência para a normalização das cadeias de abastecimento, nomeadamente, da produção de semicondutores, e da carteira de encomendas de clientes que se encontrava por satisfazer. “Não significa que o mercado está a ter mais procura, há mais oferta e por isso os fabricantes estão a entregar mais carros. Estamos num momento de muito mais produto a nível de carros novos a nível nacional”, afirma o diretor-geral do Standvirtual.

O mercado de veículos elétricos continua a mostrar uma forte tendência de crescimento em Portugal. No conjunto dos veículos eletrificados, que inclui 100% elétricos e as diversas classes de híbridos, a venda de veículos novos cresceu 47%, o que representa um aumento de 11% face ao ano anterior. 

A falta de veículos novos para entrega levou à procura invulgar de usados e a uma valorização histórica deste mercado no ano passado. Se antes se registou um aumento na procura de veículos em segunda mão, essa tendência apresenta agora uma redução de 6%. Uma procura que também abrangeu os veículos importados que, para já, continua com valores positivos e um aumento de 9%. Uma tendência que, segundo Nuno Castel-Branco, tende a estabilizar com a normalização do mercado dos novos.

Governo admite mudar os incentivos aos carros elétricos

Desde 2017 que o Estado tem dado um incentivo à compra de veículos com emissões de CO2 mais baixas ou nulas, como os 100% elétricos (BEV) e os híbridos plug-in (PHEV), que este ano chegou aos 5,2 milhões de euros. 
Este incentivo tem ajudado a aumentar as vendas, mas poderá em breve mudar. E se estes incentivos já não fizerem parte do próximo Orçamento do Estado? 
Para Bernardo Villa, CEO da Smart “o incentivo financeiro dos quatro mil euros está apenas disponível para os clientes particulares. Por outro lado, existem os incentivos fiscais e estes são para as empresas o motor das vendas de viaturas elétricas. A mobilidade elétrica está a ser arrastada pelos incentivos, falamos das alterações climáticas, da descarbonização, da transição energética, pelo que só pode ter pleno sucesso se mantivermos algum tipo de incentivos”, afirma. 

A informação foi dada pelo secretário de Estado da Mobilidade Urbana, Jorge Delgado. Do que revelou, este terá sido o último ano em que o Estado comparticipou a compra de carros elétricos. Contudo, este apoio não será totalmente perdido e o Governo quer substituir as ajudas que oferecia por outras medidas. A ideia é que surjam na forma de uma redução nos custos de carregamento de forma mais universal e acessíveis a todos. “Numa transição energética e na aposta da eletrificação os apoios são importantes. O privado tem apenas uma abrangência de 1300 utilizadores, é um apoio pequeno, mas em termos de indicador de forçar a transição elétrica seria importante manter. Podemos olhar com outra perspetiva se esses apoios forem divergidos para outras áreas nomeadamente para os carregamentos ou outras alternativas mais criativas. É importante que o Governo não retire e mantenha a afirmação de que vai dar apoios para a mobilidade elétrica”, refere Pedro Cordeiro, COO da BYD.

O Governo afirma que a atual e elevada procura por veículos elétricos parece já não estar diretamente ligada à existência de benefícios fiscais, mas sim a um crescente de interesse do consumidor pela tecnologia. A justificação que está na base da decisão, não podia ser mais clara. Para Jorge Delgado, a intervenção do Estado tem de recair sobre o valor das taxas cobradas no carregamento dos automóveis elétricos. Nuno Castel-Branco, diretor-geral do Standvirtual, refere que se os incentivos às empresas forem mexidos, isso pode ser ‘absolutamente dramático” e, justifica, “hoje em dia, o mercado dos novos é vendido 80% a gestores de frotas, rent-a-car, a empresas, e apenas 20% é vendido diretamente a particulares. Nos elétricos, isto ainda se acentua mais”. Na mesma linha de pensamento, Bernardo Villa, CEO da Smart, acrescenta: “A indústria só consegue aproximar os preços das viaturas elétricas às de combustão se houver massa crítica, se houver volume. E quando ouvimos o Governo dizer que vai suspender ou reduzir os apoios, isto tem de ser visto num contexto Europeu”, conclui.

Nova geração de produtos automóvel

A transição que estamos a assistir na Europa, do automóvel a combustão para o automóvel elétrico, está a ser vista como uma oportunidade de ouro para os construtores, e a BYD é um exemplo claro disso mesmo. Pedro Cordeiro, COO da empresa chinesa, explica que a estratégia da BYD assenta nos 15 anos de avanço tecnológico e que este ano ambiciona chegar a mais mercados, incluindo Portugal, e com várias novidades a caminho. Para aqueles que não conhecem a BYD, esta entrou no mundo automóvel em 2003, mas não faz apenas automóveis. O mais importante sobre a BYD é que, além de veículos, desenvolve e produz as suas próprias baterias, é um dos maiores construtores de baterias do mundo, o que lhe dá, à partida, uma importante vantagem competitiva.

A Smart está em profunda transformação. Não só ao nível do seu rebranding mas também ao nível da sua oferta. Vai deixar de produzir o famoso modelo pequeno de dois lugares e lançou o Smart #1 que quebra com a lógica do passado. Bernardo Villa, CEO da Smart, revela que “a nova Smart, é uma fusão entre a Mercedes-Benz and Geely e tem um novo portefólio a apresentar ao mercado. Da nova Smart vai sair uma nova geração de produtos, mas continuaremos a ser a marca jovem, irreverente e digital” afirma. 

Compra 100% online vs Compra tradicional

Pode dizer-se que há um antes e um depois da pandemia no mundo dos negócios. Os períodos de confinamento a que os consumidores se viram obrigados a cumprir, fizeram com que a vertente digital tivesse conquistado mais terreno nos últimos dois anos do que nos anteriores 10. As duas marcas representadas neste painel de convidados têm soluções distintas no seu modelo de distribuição, enquanto que a Smart está focada no 100% online o chamado "click-to-buy" a BYD recorre a concessionários para distribuir o seu produto. 

A venda de carros online ganhou uma expressão sem precedentes com muitos negócios a fazerem-se através de meios digitais, indo muito para além da consulta da oferta disponível.
Os concessionários de automóveis viram-se obrigados a assumir uma presença online mais expressiva para se tornarem mais visíveis aos olhos dos cibernautas interessados em comprar carro.
 

 

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