Ucrânia. Inteligência dos EUA diz que comandantes russos receberam ordem para atacar

CNN Portugal , HCL
20 fev 2022, 21:19
Manobras militares na Rússia (Serviço de Imprensa do Ministério da Defesa via AP)

Também este domingo a embaixada dos EUA na Rússia alertou os norte-americanos para ameaças de ataques em Moscovo e ao longo da fronteira russa com a Ucrânia

Os Estados Unidos têm informação de que foram enviadas ordens aos comandantes russos para prosseguir com um ataque à Ucrânia, disseram dois funcionários do governo de Biden e outra fonte associada às forças de inteligência norte-americanas à CNN.

Esta informação é um dos vários indicadores que os EUA estão a analisar para avaliar se os alegados planos de invasão por parte da Rússia à Ucrânia estão numa fase final.

Outros indicadores, como interferências eletrónicas e ataques cibernéticos generalizados ainda não foram observados, segundo algumas fontes disseram à CNN. As mesmas fontes alertaram para o facto de as ordens não serem definitivas, pelo que tanto podem ser retiradas, como podem ser uma "tentativa de desinformação destinada a confundir e enganar os EUA e aliados".

No entanto, esta notícia é reportada depois de o presidente dos EUA, Joe Biden, ter dito na sexta-feira que acredita que Putin tomou a decisão de invadir a Ucrânia– uma afirmação replicada pela vice-presidente Kamala Harris e pelo secretário de Estado Antony Blinken no domingo.

Blinken disse mesmo que Rússia está a "seguir adiante" com os planos de uma invasão.  "Acreditamos que o presidente Putin tomou a decisão", disse Blinken no domingo em entrevista à CNN. “Mas, até que os tanques estejam realmente no local e os aviões estejam a voar, vamos aproveitar todas as oportunidades e todos os minutos que temos para ver se a diplomacia ainda pode dissuadir o presidente Putin de levar uma invasão adiante.”

Esta informação chega após a embaixada dos EUA na Rússia ter alertado os norte-americanos sobre ameaças de ataques em Moscovo e ao longo da fronteira russa com a Ucrânia, avança a agência Reuters.

Há ameaças de ataques contra Centros Comerciais, estações ferroviárias e de Metro, tal como  outros locais de encontro público nas principais áreas urbanas, incluindo Moscovo e São Petersburgo, bem como em áreas de maior tensão ao longo da fronteira russa com a Ucrânia", disse a embaixada.

A informação, que foi avançada primeiro pelo Washington Post, surge depois de Macron ter mantido este domingo uma conversa telefónica de uma hora e 45 minutos com Vladimir Putin, num esforço para evitar a invasão russa da Ucrânia.

No final, a Presidência francesa anunciou que os dois dirigentes estão de acordo em levar a cabo "um trabalho intenso" que conduza a um cessar-fogo no leste da Ucrânia.

Os dois líderes, continuou o Eliseu, concordam que o Grupo de Contacto Trilateral se reúna nas próximas horas "com o objetivo de obter de todas as partes implicadas um compromisso de cessar-fogo” na região, onde nos últimos dias se têm intensificado os confrontos entre o exército ucraniano e os separatistas pró-russos.

O ministro francês dos Negócios Estrangeiros, Jean-Yves Le Drian, deverá reunir-se "nos próximos dias" com o seu homólogo russo, Sergey Lavrov, e esse trabalho diplomático, envolvendo a Ucrânia e outros países visa conseguir, "se as condições o permitirem, um encontro ao mais alto nível para definir um novo quadro de paz e segurança na Europa", acrescenta a presidência francesa.

O Kremlin, por seu lado, informou que Putin atribuiu a “provocações ucranianas” o agravamento dos combates no leste da Ucrânia, mas disse ao homólogo francês estar aberto a intensificar esforços diplomáticos para resolver o conflito.

Segundo o Kremlin, durante a mesma conversa, Putin pediu que a NATO e os Estados Unidos "levem a sério" as exigências de Moscovo sobre a sua segurança, que estão no centro da crise atual entre a Rússia e o Ocidente.

O chefe de Estado russo alertou ainda para o fornecimento de armamento moderno à Ucrânia por parte dos países da NATO, o que na sua opinião pode levar Kiev a solucionar o conflito no Donbass através da força.

Após falar com Putin, Macron falou novamente com o Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, que apelou a um cessar-fogo imediato na região de Donbass.

Defendemos a intensificação do processo de paz. Apoiamos a convocação imediata do GCT [Grupo de Contacto Trilateral] e um cessar-fogo imediato", escreveu Zelensky na sua conta na rede social Twitter.

O líder ucraniano acrescentou ter informado o seu homólogo francês sobre a situação atual no leste da Ucrânia e os novos ataques das milícias separatistas.

O Ocidente e a Rússia vivem atualmente um momento de forte tensão, com o regime de Moscovo a ser acusado de concentrar pelo menos 150.000 soldados nas fronteiras da Ucrânia, numa aparente preparação para uma potencial invasão do país vizinho.

Moscovo desmente qualquer intenção bélica e afirma ter retirado parte do contingente da zona.

Entretanto, aumentaram nos últimos dias os confrontos entre o exército da Ucrânia e os separatistas pró-russos no leste do país, onde a guerra entre estas duas fações se prolonga desde 2014.

Os observadores da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) anunciaram no sábado ter registado em 24 horas mais de 1.500 violações do cessar-fogo na Ucrânia oriental, número que constitui um recorde este ano.

Os líderes dos separatistas pró-russos de Lugansk e Donetsk, no leste da Ucrânia, decretaram no domingo a mobilização geral para fazer face a este aumento da violência.

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