Washington está a pressionar os membros da Aliança para endurecerem a postura em relação a Pequim, apontando desenvolvimentos militares, ameaças à infraestrutura crítica ocidental, parceria “sem limites” com Moscovo e o apoio à guerra contra a Ucrânia
Os Estados Unidos acreditam que a Rússia e a China estão a "partilhar estratégias" para fragilizar a NATO. O alerta vem de uma diplomata norte-americana, que faz um apelo aos aliados: intensifiquem os esforços para se defenderem de Moscovo e Pequim.
“Os dois estão cada vez mais a partilhar estratégias que devem preocupar a Aliança”, afirmou ao Financial Times Julianne Smith, embaixadora dos Estados Unidos para a segurança na NATO, apontando para ameaças ao fornecimento de energia e à cibersegurança, entre outras.
Nesse sentido, Washington está a pressionar os membros da Aliança a endurecer a postura em relação à China, apontando desenvolvimentos militares, ameaças à infraestrutura crítica ocidental - como transporte e redes de energia, a parceria “sem limites” com Moscovo e o apoio à guerra contra a Ucrânia.
“Não há dúvida de que a China e a Rússia estão a trabalhar para dividir os parceiros transatlânticos. E agora estamos muito conscientes, todos temos uma visão mais profunda desses esforços e pretendemos abordá-los”, prometeu a diplomata.
A NATO concordou em abordar os “desafios” que a China representa para a Aliança, pela primeira vez, em junho. E, após pressões dos Estados Unidos, os ministros dos Negócios Estrangeiros dos Estados-membros finalmente discutiram medidas concretas para abordar a China numa reunião em Bucareste, na Roménia, no mês passado.
Segundo escreve o Financial Times, Pequim não está a fornecer armas para uso da Rússia contra a Ucrânia, mas deu apoio político ao presidente Vladimir Putin desde que este anunciou a invasão em grande escala em fevereiro e repetiu as acusações do Kremlin de culpar Kiev - e os apoiantes ocidentais - pela guerra.
“Já os vimos a partilhar táticas híbridas”, lembrou Julianne Smith, que prosseguiu: "Acho que a China observa de perto como a Rússia depende de desinformação e coisas como coerção ou segurança energética, operações cibernéticas malignas ou maliciosas.”
Contudo, apesar de muitos aliados estarem alinhados com a posição dos Estados Unidos, há muitos países europeus que são muito menos agressivos em relação à China e continuam relutantes em colocar em risco os seus laços comerciais e económicos com Pequim, havendo ainda outros membros europeus que desconfiam de qualquer discussão sobre a futura política da NATO que distraia dos esforços para apoiar a Ucrânia.
Sobre isso, a diplomata garantiu que a Aliança estava "focada como um laser (...) para dar aos ucranianos todo o apoio de que precisam” na forma de sistemas de defesa aérea para se defenderem contra ataques russos “horríveis e absolutamente indesculpáveis” à infraestrutura civil e equipamentos para ajudá-los a reconstruir centrais elétricas danificadas e outros sistemas de energia.
"Para ser clara, o que estamos a falar é entender como a China opera dentro e ao redor da área euro-atlântica. Como poderá, através de algumas das suas ações, criar alguns riscos de segurança ou vulnerabilidades coletivamente para a aliança ou para Estados-membros individuais”, acrescentou.
De qualquer das formas, o trabalho para fazer com que os governos deixem apenas de reconhecer os desafios colocados pela China, mas para enfrentá-los está “bem encaminhado”, apontou Julianne Smith.