Mais de 290 grávidas morreram de covid-19 e 30 mil foram internadas nos EUA

22 mar 2022, 13:00
Grávida

Dados do Centro para o Controlo e Prevenção de Doenças revelam que, entre janeiro de 2020 e março de 2022, foram registados mais de 188 mil casos de infeção na grávidas norte-americanas, e 30 mil foram internadas. Estudos mais recentes indicam que as vacinas são eficazes e não estão associadas a um maior risco de problemas durante a gravidez

A covid-19 matou 292 mulheres grávidas nos Estados Unidos desde o início da pandemia, segundo dados atualizados esta segunda-feira pelo Centro para o Controlo e Prevenção de Doenças (CDC). O mesmo instituto indica que, no período entre 22 de janeiro de 2020 e 14 de março de 2022, pelo menos 188 mil grávidas foram infetadas com o vírus SARS-Cov-2 e 30 mil precisaram de internamento hospitalar.

De acordo com o instituto norte-americano, o pico de mortes de mulheres grávidas por causa do SARS-CoV-2 deu-se durante os meses de agosto, setembro e outubro de 2021. Nesse espaço de tempo, 92 mulheres perderam a vida. Só em agosto, o mês mais grave em termos de óbitos nesta população desde o início da pandemia, morreram 37 grávidas.

Número de mortes correspondentes à população grávida nos Estados Unidos desde março de 2020

* As mortes relatadas pelos departamentos de saúde jurisdicionais refletem as informações mais atualizadas recebidas pelo CDC com base em relatórios preliminares
** Em julho de 2021, a variante Delta do SARS-CoV-2 tornou-se a variante predominante nos Estados Unidos.

Já relativamente ao número de casos de infeção por covid-19 na população grávida dos Estados Unidos, o CDC avança que os dias de maior contágio nos anos de 2020 e 2021 aconteceram pouco depois do Natal. Em 2020, o pico de infeções nesta população ocorreu no dia 27 de dezembro (com 4.948 casos), em 2021, foi a 26 de dezembro (com 5,084 casos).

 

*Casos de covid-19 (na casa dos milhares) registados na população grávida dos Estados por semana de diagnóstico da infeção 
** Dados foram recolhidos de 188.581 mulheres e a data do diagnóstico estava disponível para 100% das mulheres
 

 

Os dados do CDC surgem num momento em que cerca de 65% das grávidas nos Estados Unidos foi vacinada contra a covid-19 antes ou durante a gravidez. Em comparação, 81,6% da população norte-americana com idade superior a 5 anos já foi vacinada com, pelo menos, uma dose. 

Especialistas em medicina obstétrica atribuem esta baixa taxa de cobertura vacinal a uma hesitação sobre as vacinas contra a covid-19, mesmo quando os últimos estudos conduzidos pelo Centro para o Controlo e Prevenção de Doenças (CDC) mostram que estas são eficazes, seguras e não estão associadas a um aumento do risco de infertilidade, aborto ou outras complicações durante a gravidez. "Precisamos de entender que, no início, as pessoas grávidas ficaram aterrorizadas”, afirma Neel Shah, professor de obstetrícia, ginecologia e biologia reprodutiva da Harvard Medical School, em entrevista à revista WIRED. O especialista acrescenta que “a acumulação de mensagens sociais em torno da gravidez faz com que as grávidas sintam que tudo ao seu redor pode ser uma ameaça.” 

Contudo, um estudo realizado pelo CDC - a agência de saúde pública principal dos EUA -, em janeiro deste ano, revela que as vacinas contra o novo coronavírus não aumentam o risco de partos prematuros ou de subdesenvolvimento das crianças. O trabalho examinou mais de 46.000 mulheres, das quais cerca de 10.000 receberam, pelo menos, uma dose de uma vacina contra a covid-19 durante a gravidez, entre dezembro de 2020 e julho de 2021. Quase todas as mulheres no estudo receberam uma vacina de mRNA da Moderna ou da Pfizer, enquanto cerca de 4% receberam uma dose da Johnson & Johnson.

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Os investigadores concluíram que, entre todas as gravidezes, 6,6% dos recém-nascidos nasceram prematuramente. Entre as mulheres não vacinadas, a taxa foi de 7%. Naquelas que receberam, pelo menos, uma dose de vacina durante a gravidez, foi de 4,9%. Relativamente ao subdesenvolvimento dos bebés, os cientistas não encontraram diferenças entre vacinados e não vacinados. A taxa de prematuros para ambos os grupos foi de 8,2%.

Quase todas as mulheres do estudo foram vacinadas no segundo ou terceiro trimestre, sendo que apenas cerca de 1% recebeu uma vacina no primeiro trimestre.

Por outro lado, os dados também mostram que a covid-19 pode ser mortal para grávidas e para os seus bebés. Um estudo publicado em 2020 no British Medical Journal observou que o risco de parto prematuro duplica se a mãe for infetada durante a gravidez. Outro trabalho publicado no The Journal of the American Medical Association em abril de 2021 mostra que o risco de morte para mulheres grávidas com covid-19 era 22 vezes maior do que o normal.

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