Professora de química no Bryn Mawr College, na Pensilvânia, criou polémica com uma sugestão que envolve apenas uma pitada de um simples ingrediente
Duzentos e cinquenta anos depois de os americanos revolucionários terem despejado chá no porto de Boston, está a formar-se uma nova tempestade diplomática entre a Grã-Bretanha e os Estados Unidos por causa desta bebida tão apreciada.
Os meios de comunicação britânicos reagiram com fúria e perplexidade depois de uma cientista norte-americana ter afirmado que a chávena de chá perfeita é feita com uma pitada de sal.
Michelle Francl, que escreveu um livro sobre a ciência molecular por detrás de uma boa chávena de chá, acredita que a pitada de sal é necessária para reduzir o amargo da bebida.
Mas a sugestão deu origem a uma resposta acalorada nas redes sociais por parte dos britânicos, que são notoriamente defensores das melhores práticas de preparação de chá.
"Acho que estamos a entrar em guerra outra vez?", escreveu a jornalista Molly Quell no X, anteriormente conhecido como Twitter. "O que é que se passa ali?", perguntou o comediante britânico Matt Green.
Francl, professora de química no Bryn Mawr College, na Pensilvânia, defendeu a sua ideia aparentemente radical à ITV News, afiliada da CNN, afirmando: "Acontece que uma pequena quantidade de sal, que nem sequer é suficiente para provar, bloqueia a perceção do amargo."
Quando as tensões transatlânticas atingiram um ponto de ebulição, a embaixada dos EUA no Reino Unido decidiu intervir para se distanciar da ideia aparentemente extremista, mergulhando a professora novamente em água quente.
"Não podemos ficar de braços cruzados enquanto uma proposta tão ultrajante ameaça a própria base da nossa relação especial", escreveu a embaixada num post viral no X.
"Queremos assegurar ao bom povo do Reino Unido que a noção impensável de adicionar sal à bebida nacional britânica não é política oficial dos Estados Unidos. E nunca será", acrescentou.
An important statement on the latest tea controversy. 🇺🇸🇬🇧 pic.twitter.com/HZFfSCl9sD
— U.S. Embassy London (@USAinUK) January 24, 2024
Francl também encontrou pouca simpatia na imprensa britânica, que encarou a sua sugestão com mais do que uma pitada de sal.
"Uma cientista do país onde se pode encontrar chá feito com água morna da torneira afirma ter encontrado a receita para uma chávena de chá perfeita", noticiou o Guardian.
"A professora Francl insiste que as suas descobertas são sólidas, apesar de vir de um país onde o chá é secundário em relação ao café - e é normalmente servido gelado", acrescentou o Daily Mail.
No meio de um debate tão aceso, talvez só o tempo dirá se a resposta da embaixada dos EUA será suficiente para acalmar as águas. Entretanto, a embaixada disse que "continuará a fazer chá da forma correta - no microondas".