Krkic: «Aos 17 anos tive de competir com o rótulo de novo Messi»

27 fev 2023, 18:15
Bojan Krkic (AP)

Avançado de 32 anos lembra o início de uma carreira que ficou aquém das expectativas e fala da gestão de expectativas e da saúde mental, que o tirou do Euro 2008

Em tempos apontado como uma das grandes pérolas de La Masia, a formação do Barcelona, Bojan Krkic acabou por fazer uma carreira bastante aquém das expectativas.

O avançado estreou-se com a camisola principal do emblema catalão em 2007, com apenas 17 anos, e depois de boas temporadas sob o comando de Pep Guardiola acabou por deixar o clube em 2011.

Ainda passou por históricos emblemas como Roma, Milan ou Ajax, mas o rendimento em campo afastou-o das luzes da ribalta e empurrou-o, primeiro, para equipas menos mediáticas e, depois, para campeonatos secundários, tendo passado nos últimos anos pela MLS (CF Montréal) e pelo Japão, onde atuou no Vissel Kobe até ao final de 2022.

Agora, Krkic reconheceu dificuldades na gestão de expectativas. «Com 17 anos tive de competir contra o rótulo de novo Messi. No início não entendia como é que podia corresponder às expectativas mas a pouco e pouco aprendemos a afastar-nos desses rótulos externos e a ter consciência de quais são os nossos limites e a aceitá-los», disse no Sports Tomorrow Congress, evento organizado pelo Barcelona.

Krkic salientou a importância do apoio psicológico para ajudar a fortalecer os jovens futebolistas que de repente se veem expostos a realidades mais exigentes. «Felizmente, as coisas mudaram muito. Quando eu comecei, isto não existia nos clubes, mas eu trabalhava esse aspeto fora do Barcelona», recordou, referindo-se também à ausência, por questões mentais, do Euro 2008, que a Espanha venceu sob o comando do já falecido Luis Aragonés. «O primeiro ano no Barcelona foi muito bom a nível profissional, mas muito duro a nível pessoal», introduziu. Krkic estava entre os eleitos para a competição, mas optou por abdicar da participação. «Tinha muito claro que não podia ir. Estava a viver um período de ansiedade e decidi não ir. No dia antes da convocatória falei com Luis Aragonés, o selecionador, e expliquei-lhe. Em nenhum momento tive a sensação de arrependimento, porque sabia a situação em que me encontrava. E superar essa situação era mais importante do que ganhar o Europeu.»

O agora futebolista de 32 anos, atualmente desempregado, comentou depois o momento que atravessa Ansu Fati, que estreou-se pelo Barça ainda com 16 anos mas tarda, muito por culpa de lesões, em afirmar-se como um dos principais jogadores da equipa. «Há uma enorme diferença de tratamento entre a ilusão que se gera no início quando tudo está a correr bem e quando as coisas correm mal devido a uma lesão ou por qualquer outro motivo. Os jogadores são tratados como produto», referiu, dizendo ter vivido na pele o mesmo do jogador de 20 anos.

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