Esquerda cola PP à extrema-direita no último debate da campanha das eleições em Espanha

Agência Lusa , AM
20 jul 2023, 00:10
Santiago Abascal, Yolanda Diaz, Pedro Sánchez (Associated Press)

No debate desta quarta-feira, Yolanda Díaz e Pedro Sánchez assumiram que pretendem continuar a governar juntos após as eleições de 23 de julho e centraram as críticas no PP e no VOX e nas alianças que os dois partidos já fizeram

O último debate entre candidatos nas eleições espanholas do próximo domingo ficou marcado esta quarta-feira pela ausência do favorito nas sondagens, Alberto Núñez Feijóo, do Partido Popular (PP), que os adversários consideraram estar porém "representado" pelo líder da extrema-direita.

"O senhor Feijóo hoje aqui representado pelo senhor [Santiago] Abascal", disse por diversas vezes, ao longo dos 90 minutos de debate, a líder da plataforma de extrema-esquerda Somar e ministra do Trabalho, Yolanda Díaz, referindo-se aos presidentes do PP (direita) e do VOX (extrema-direita).

"O senhor Feijóo tem vergonha de aparecer ao lado do seu aliado Abascal", disse o secretário-geral do Partido Socialista espanhol (PSOE) e primeiro-ministro, Pedro Sánchez.

Yolanda Díaz, Santiago Abascal e Pedro Sánchez foram os três participantes no debate organizado pela televisão pública espanhola (RTVE), dada a recusa do quarto convidado, Alberto Núñez Feijóo.

O líder do PP invocou que faltavam no debate os representantes dos partidos nacionalistas e independentistas bascos e catalães que viabilizaram no parlamento a tomada de posse e diversa legislação do atual governo liderado por Sánchez, uma coligação do PSOE e da plataforma de extrema-esquerda Unidas Podemos (que este ano passou a ser Somar e a ter nova liderança).

No debate desta quarta-feira, Yolanda Díaz e Pedro Sánchez assumiram que pretendem continuar a governar juntos após as eleições de 23 de julho e centraram as críticas no PP e no VOX e nas alianças que os dois partidos já fizeram, no último ano, para governarem em conjunto três regiões autónomas e mais de uma centena de municípios.

Tanto Yolanda Díaz como Pedro Sánchez, que se trataram pelos nomes próprios e "por tu", ao contrário do que fizeram com Abascal, consideraram que haverá em Espanha um retrocesso em direitos e liberdades de décadas, assim como fica ameaçada a luta contra as alterações climáticas, se PP e VOX governarem, tendo em contra os termos dos acordos entre os dois partidos nas regiões e municípios e o programa da formação de extrema-direita.

Sánchez criticou também que o VOX queira resolver "o problema catalão à bofetada", numa referência ao independentismo, e previu o regresso de tensões a regiões como a Catalunha com um governo de direita.

Santiago Abascal, por seu turno, tentou marcar as diferenças do VOX não só em relação à esquerda, mas também em relação ao PP.

O líder do VOX sublinhou que Feijóo tem defendido na campanha um acordo com o PSOE para haver garantia de governar sempre a lista mais votada e assim "repartirem o poder" e "o bipartidismo continuar sozinho a decidir os destinos de Espanha".

"Durante os últimos 40 anos, os velhos partidos, PP e PSOE, tomaram decisões transcendentais de costas para os espanhóis e muitas vezes de acordo com separatistas e obedecendo a burocratas estrangeiros", disse Abascal, que reiterou as suas propostas de revogação das leis relacionadas com as alterações climáticas e a designada transição energética, por considerar que destroem a agricultura e a indústria do país e são imposições de "agendas globalistas" e europeias, como a Agenda 2030 das Nações Unidas.

Abascal terminou o debate a pedir o voto no VOX por ser o único partido "que se atreve a fazer a mudança de rumo necessária para proteger a indústria, o campo, as fronteiras, a liberdade e os interesses de todos os espanhóis sem distinção".

As sondagens das eleições de 23 de julho dão a vitória ao PP sem maioria absoluta, que poderá conseguir com uma aliança com o VOX.

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