Vinícius Jr reage: «A felicidade de um preto brasileiro vitorioso incomoda»

16 set 2022, 23:47
Vinícius Júnior festeja golo no Real Madrid-Betis

Jogador do Real Madrid reagiu às declarações polémicas de um comentador no programa «El Chiringuito»: «Repito para você, racista: eu não vou parar de bailar»

«Enquanto a cor da pele for mais importante do que o brilho nos olhos, haverá guerra.»

Foi desta forma que Vinícius Júnior, craque do Real Madrid, começou um vídeo no qual reagiu de forma bem contundente às declarações de Pedro Bravo, presidente da Associação de agentes espanhóis, que no programa de TV «El Chiringuito» teceu duras críticas ao futebolista brasileiro, considerando que este não respeitava os adversários. «Vinícius tem de respeitar os adversários. Se quer dançar, que vá para o sambódromo no Brasil. Aqui, tem de respeitar os companheiros e deixar de “fazer macacadas” [“hacer el mono”]», afirmou, polémico, o dirigente.

«Dizem que a felicidade incomoda. A felicidade de um preto brasileiro vitorioso na Europa incomoda muito mais. Mas a minha vontade de vencer, o meu sorriso e o meu brilho nos olhos são muito maiores do que isso. Fui vítima de xenofobia e racismo numa só declaração, mas nada disso começou ontem», notou.

A seguir, são mostradas várias mensagem de utilizadores nas redes sociais, algumas de cariz racista. «Há semanas começaram a criminalizar as minhas danças. Danças que não são minhas. São do Ronaldinho, do Neymar, do Paquetá, do Pogba, do Griezmann e do João Félix. Dos funkeiros e sambistas brasileiros, dos cantores latinos do reggaeton e dos pretos americanos. São danças para celebrar a diversidade cultural do Mundo. Aceitem, respeitem... ou surtem. Eu não vou parar», garantiu.

Vinícius disse não ter por hábito responder publicamente a críticas ou a elogios. Prefere, frisou, responder de outra forma. «Eu trabalho, e muito, dentro e fora do campo.»

O jogador do Real Madrid e da seleção brasileira terminou a falar de uma aplicação que desenvolveu com o intuito de apoiar jovens carenciados. «Estou a fazer a escola com o meu nome e farei muito mais pela educação. Quero que as próximas gerações estejam preparadas como eu estou para combater racistas e xenófobos. Tento sempre ser um exemplo enquanto profissional e cidadão. Mas isso não dá cliques e os cobardes inventam algum problema para me atacarem. E o roteiro termina sempre com um pedido de desculpas ou um 'fui mal interpretado'. Mas repito para você, racista: eu não vou parar de bailar, seja no sambódromo, no Bernabéu ou onde eu quiser. Com carinho e sorrisos de quem é muito feliz.»

Antes, Pedro Bravo pediu desculpas pela expressão - «hacer de mono» - utilizada. «Quero clarificar que a expressão 'hacer de mono' que utilizei mal para qualificar o a dança de celebração dos golos de Vinicius foi feita de forma metafórica (fazer idiotices). Como não tive a intenção de ofender ninguém, preço sinceramente perdão. Lamento», escreveu nas redes sociais.

Muitas figuras - e não só - saíram em defesa de Vini Jr. Casos de Neymar e Pelé, por exemplo.

«Enquanto a cor da pele for mais importante do que o brilho nos olhos, haverá guerra.» A frase, essa, está tatuada no corpo de Vini Jr.

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